Imunes à Covid-19? Estudo piloto em Portugal espera ter "primeiros resultados até final de junho"
O Inquérito Serológico Nacional arranca dentro de duas semanas em todo o país com uma amostra de 2070 pessoas, de todas as idades, incluindo crianças.
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O Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge acredita que na segunda quinzena de junho vai ser possível saber qual a percentagem da população portuguesa que está imune ao novo coronavírus. O estudo (que tecnicamente se chama Inquérito Serológico Nacional) vai arrancar dentro de duas semanas em todo o país com uma amostra de 2070 pessoas de todas as idades.
O inquérito vai ser feito junto dos utentes dos laboratórios de análises em 150 locais do país. Sempre que alguém, por uma outra razão, for a um laboratório fazer análises, pode vir a ser convidado a dar uma amostra de sangue para o estudo, conforme explica à TSF Ana Paula Rodrigues, a coordenadora do inquérito. "As pessoas são convidadas a participar neste estudo quando se dirigem a um dos laboratórios parceiros do estudo para realização das suas análises sanguíneas de rotina."
E esta participação, complementa a epidemiologista, "consiste na dádiva de uma amostra de sangue adicional à colheita que vai fazer (três a cinco mililitros) e o preenchimento de um inquérito para conseguirmos identificar os sinais e sintomas de uma infeção prévia".
A integração no estudo é voluntária, mas está dependente de convite dos especialistas. Não são aceites pessoas que se ofereçam para participar no inquérito, e Ana Paula Rodrigues esclarece por que a auto seleção enviesaria a amostra no sentido da sobrestimação: "As pessoas que se viessem oferecer para participar no estudo têm um interesse especial na temática, e isso pode dever-se ao debate que tem ocorrido ou a terem tido uma infeção anterior ou contacto com alguém suspeito ou ainda por viverem num local com elevada incidência da infeção."
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A finalizar os preparativos para este processo, a coordenadora do estudo fixa a janela temporal para os primeiros resultados. Trata-se, de acordo com Ana Paula Rodrigues, de um "calendário muito apertado", em que a primeira fase durará três semanas. "O que temos calendarizado é a iniciação do trabalho de campo - a seleção dos participantes e o seu convite - para a segunda quinzena de maio, terceira ou quarta semana deste mês", aponta.
Também a análise laboratorial e estatística dos resultados demorarão três semanas, pelo que a epidemiologista estabelece: "Esperamos ter os primeiros resultados na segunda metade do mês de junho."
A recolha será desdobrada entre laboratórios privados e hospitais do SNS. "A seleção das crianças será preferencialmente em hospitais públicos, embora possa também ser complementada com hospitais privados. Não temos ainda claramente definido quais são esses pontos de colheita para esta fração da população, porque ainda estamos em conversações."
Quem fizer o teste serológico pode ficar o conhecer os resultados, se assim escolher. "As pessoas, quando forem convidadas, serão questionadas sobre se têm, ou não, interesse em receber os resultados. Se tiverem interesse, ser-lhes-á enviado um boletim analítico", assinala a epidemiologista do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge. No entanto, não está prevista a entrega de qualquer certificado de imunidade. "Nesta fase, é ainda muito precoce falar sobre certificados de imunidade. No futuro, será um aspeto muito debatido."
* e Catarina Maldonado Vasconcelos
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