PJ investiga Marco Capitão Ferreira: contrato fantasma terá rendido 61 mil euros ao ex-governante
Em causa está a contratação de Marco Capitão Ferreira pela Direção-Geral de Recursos das Forças Armadas para um serviço de consultoria, serviço esse que nunca terá realizado.
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A Polícia Judiciária está a investigar Marco Capitão Ferreira, que na sexta-feira se demitiu do cargo de secretário de Estado da Defesa, pela prática de dois crimes, sendo que um deles tem a ver com um contrato fantasma que terá rendido ao ex-governante cerca de 61 mil euros.
De acordo com o jornal Expresso, esse contrato de consultoria celebrado entre Capitão Ferreira e a Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional, com data de março de 2019, tinha uma duração de 60 dias, mas terá terminado menos de uma semana depois de ter sido assinado. O serviço contratado ao então professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa tinha a ver com a negociação dos contratos de reparação de helicópteros EH-101 das Forças Armadas.
O Jornal de Notícias (JN), que também dá conta desse dado, escreve que para os investigadores da unidade nacional de combate à corrupção da PJ tratou-se de um contrato fantasma sem efetiva prestação de serviço. Os 61 mil euros terão sido depois divididos entre Capitão Ferreira e Alberto Coelho, na altura presidente da Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional.
O JN apurou que há um segundo contrato suspeito que envolve os dois homens, mas com testas de ferro à mistura. Esse negócio também consistiu no pagamento de serviços que não foram efetuados, mas, nesse caso, os montantes serão bem superiores. Diz ainda o JN que as buscas realizadas, na sexta-feira, no Ministério da Defesa e em casa do ex-secretário de Estado da Defesa foram direcionadas à recolha de documentos relacionados com esses dois contratos de prestação de serviço.
O JN acrescenta que tanto Mário Capitão Ferreira como o antigo presidente da Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional vão em breve ser acusados pelo Ministério Público pela prática dos dois crimes. Recorde-se que Alberto Coelho já foi detido em dezembro no âmbito da operação Tempestade Perfeita, que investiga a suspeita de ilícitos no setor da defesa, entre eles as obras no antigo Hospital Militar de Belém, em Lisboa.
O secretário de Estado da Defesa demissionário foi constituído arguido no âmbito do processo "Tempestade Perfeita", que levou a Polícia Judiciária a fazer buscas no Ministério da Defesa na sexta-feira.
Marco Capitão Ferreira assumiu o cargo de secretário de Estado da Defesa quando o atual Governo tomou posse, em 30 de março de 2022.