Modelo de mobilidade temporária de pessoal médico não teve, uma vez mais, candidatos.
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Quando o secretário de Estado da Saúde, Lacerda Sales, anunciou em junho o plano de mobilidade temporária dos médicos para o verão no Algarve, um modelo para durar de julho a final de setembro, a Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve estipulou que precisava de um reforço de 60 profissionais de várias especialidades.
Seria pessoal médico que iria colmatar a carência de profissionais, no verão, numa região que aumenta substancialmente a população nesta altura e que, no resto do ano, já sofre com falta de especialistas.
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A ARS disponibilizava alojamento "de acordo com as possibilidades". No entanto, nem um médico se candidatou.
"Nunca tivemos muita adesão por parte dos médicos, por isso este ano abrimos também aos enfermeiros" a possibilidade de se candidatarem, sublinha o presidente da ARS. Para Paulo Morgado já não é novidade os médicos não responderem a esta solicitação. "Nunca confiamos neste mecanismo para suprir as necessidades", sublinha.
De facto, pela primeira vez puderam candidatar-se enfermeiros mas apenas dois acabaram por aceitar o lugar. E as dificuldades em ter profissionais de saúde na região continuam.
Recentemente, tanto a ARS como o Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA) abriram concursos para especialistas, 35 para médicos de Medicina Geral e Familiar para os centros de saúde e 42 para os hospitais da região, em diferentes especialidades.
A ARS gostaria de ver as vagas preenchidas até final do ano, mas no Centro Hospitalar e Universitário do Algarve muitas vezes os concursos ficam desertos. Paulo Morgado já não tem ilusões.
"Posso dar-lhe um exemplo: abrimos cinco vagas para pediatras porque há muita carência nesta área mas, não estando a ser pessimista, quase de certeza que não vamos tê-las todas preenchidas", admite.
Os médicos continuam a preferir os grandes centros e a esperança das entidades responsáveis pela Saúde reside agora nos novos profissionais que estão a ser formados na Universidade do Algarve e que a ARS espera que comecem a fixar-se na região.