A Cáritas e o Banco Alimentar Contra a Fome deixam o aviso. A pobreza, em Portugal, não é um problema do passado. No Fórum TSF, os responsáveis destas duas entidades manifestaram pouca esperança nos efeitos imediatos do crescimento da economia.
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São várias vozes que contrariam as palavras do primeiro-ministro.
O economista Carlos Farinha Rodrigues defende, por isso, que um plano de emergência contra a pobreza é um imperativo nacional. O economista lamenta não poder concordar com Pedro Passos Coelho quando o primeiro-ministro diz que os dados da pobreza de 2013 são um eco do passado e avisa que a recuperação vai levar muito tempo.
Também convencido de que o pior ainda não passou está o presidente da Cáritas, Eugénio da Fonseca: «Em termos de macroeconomia as coisas estão a alterar-se, sem dúvida. Mas o reflexo na vida económica familiar ainda não se nota. Há gente que está a perder o subsídio de desemprego».
Para o padre Jardim Moreira, que lidera a delegação portuguesa da rede europeia anti pobreza, falta independência e objetividade à leitura feita pelo primeiro-ministro.
«A leitura independente e objetiva dá-nos uma leitura mais pessimista. O problema grave em Portugal é que a pobreza já não é notícia para muita gente e principalmente para os responsáveis. Nós sabemos que a pobreza só se pode resolver quando houver uma estratégia e uma política», defende.
Já Isabel Jonet que lidera a Federação dos Bancos Alimentares defende a aposta na qualificação dos jovens como um caminho de combate à pobreza. De resto, também ela não partilha da opinião de Passos Coelho.
«Penso que no caso da pobreza estrutural o pior não passou e cada vez que se aumentam impostos, por exemplo, como o IVA, as pessoas que têm muito baixos rendimentos são afetadas. A menos que a economia se ponha em marcha, o pior não passou», considera. Para Isabel Jonet só quando houver criação efetiva de emprego, a pobreza poderá começar a descer.