António Costa lembra que este "não é momento para divisões".
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Questionado sobre a polémica em torno da cerimónia do 25 de Abril no Parlamento, o primeiro-ministro comenta que os ânimos estão a ficar demasiado tensos, talvez culpa do confinamento.
"Estamos a chegar a uma fase, por cada vez maiores necessidades económicas e sociais, por cada vez maior cansaço e fadiga relativamente às medidas de contenção, está tudo a ficar excessivamente nervoso para o que é recomendável depois da forma exemplar como temos vivido."
Sem se diretamente sobre a polémica ou o que diz ser a "vida interna" da Assembleia da República, António Costa pede "bom senso" e ressalva que o Parlamento tem "mantido o funcionamento normal com os condicionamentos próprios desta circunstância."
"Não é momento para divisões. É momento para todos nos mantermos unidos", apelou, à saída de uma reunião, com o cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente esta manhã, no Seminário dos Olivais, em Lisboa.
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Devido às restrições impostas pela pandemia, a Assembleia da República decidiu na quarta-feira realizar a sessão solene do 25 de Abril no parlamento com um terço dos deputados (77 dos 230 parlamentares) e menos convidados, com o gabinete de Ferro Rodrigues a estimar que estejam presentes cerca de 130 pessoas, contra as 700 do ano passado.
A decisão da conferência de líderes teve o apoio da maioria dos partidos: PS, PSD, BE, PCP e Verdes. O PAN defendeu o recurso à videoconferência, a Iniciativa Liberal apenas um deputado por partido, enquanto o CDS-PP - que propôs uma mensagem do Presidente da República ao país - e o Chega foram contra.
Mais de 8 mil pessoas já assinaram uma petição online que defende a celebração do 25 de Abril no Parlamento e que tem como primeiro subscritor o histórico socialista Manuel Alegre, entre outras figuras.
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Há também uma petição em sentido contrário, pedindo o cancelamento das comemorações do 25 de Abril na Assembleia da República, e que conta já com mais de 65 mil assinaturas.
No sábado, em declarações ao jornal Público, o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, assegurou que, "mais do que em qualquer outro momento, o 25 de Abril tem de ser e vai ser celebrado" no parlamento.
"Celebrar o 25 de Abril é dizer que não sairá desta crise qualquer alternativa antidemocrática", afirmou a segunda figura do Estado.
Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reafirmou que irá participar na sessão comemorativa do 25 de Abril no parlamento, "com um número exíguo de deputados", e do 10 de Junho, numa "cerimónia simbólica" junto ao Mosteiro dos Jerónimos.
Já o líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, anunciou que não irá à sessão solene do 25 de Abril no parlamento por a considerar "um péssimo exemplo para os portugueses" e o deputado único do Chega, André Ventura, escreveu a Ferro Rodrigues pedindo que, em articulação com o Presidente da República, cancele a cerimónia, dizendo que esta "está a gerar um enorme sentimento de revolta e indignação no povo português".
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