O PCP considerou que as razões que levaram Portugal a impedir a aterragem do avião de Evo Morales são «políticas» e colocam o país «do lado do cerco» ao ex-consultor da NSA Edward Snowden.
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O ministro demissionário dos Negócios Estrangeiros recusou a explicar quais as razões técnicas pelas quais o Governo português não autorizou a aterragem do avião que transportava o presidente da Bolívia, que vinha da Rússia.
Na Comissão Parlamentar dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas sublinhou que o aparelho foi autorizado a sobrevoar o espaço aéreo português, mas não esclareceu porque a sua aterragem para escala técnica foi recusada.
«Não quero que através da minha ação, o Estado português involuntariamente importe um problema que não é dele. O problema Snowden não é um problema do Estado português e não vejo que vantagem é que tem o Estado português em passar a ter o problema Snowden», acrescentou.
Na resposta, o líder parlamentar do PCP considerou que a razão apresentada por Portas não podia ser entendida como «técnica», mas sim como «política», ou seja, evitar que o avião que trazia o presidente da Bolívia também trouxesse o ex-consultor da NSA.
«Esta atitude significa objetivamente uma colocação de Portugal do lado do cerco ao senhor Snowden», considerou Bernardino Soares, durante um agendamento potestativo do PCP sobre esta questão.
Portas explicou depois que «Portugal tem a obrigação de ser cauteloso e medir as circunstâncias» e de não se colocar o país «numa posição excessivamente exposta neste assunto no sentido de que o problema não é nosso e não vamos ser nós a resolvê-lo».