Portugal é o 4.º país que mais prometeu ciclovias na pandemia, mas o 10.º que mais construiu
Dados da Federação Europeia de ciclistas citados pelo Público mostram que desde o início da pandemia foram prometidos 2.318 quilómetros de vias para bicicletas na Europa, orçamentados em 1.021 milhões de euros.
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Portugal é o quarto país europeu que anunciou mais ciclovias durante a pandemia, mas o décimo em número de quilómetros construídos. E destes, quase dois terços são em Lisboa.
O Público cita dados da Federação Europeia de Ciclistas que mostram que logo a seguir a Roma, ao cantão suíço de Vaud e à área metropolitana de Bolonha, a capital portuguesa é a cidade europeia que mais quilómetros de ciclovias prometeu, mas apenas a 15ª na construção efetiva.
O diário escreve que já estão no terreno 12 km dos 76 que a Câmara Lisboeta anunciou. Outras cidades também têm planos de construção mas em escalas mais reduzidas: Porto, Matosinhos, Cascais, Vendas Novas e a Guarda já começaram a implementação. Leiria, prometeu 21 km que ainda não saíram do papel.
As ciclovias construídas em Lisboa representam quase dois terços das concretizadas em Portugal durante a pandemia: no país como um todo já foram construídos quase 20 dos 155 km prometidos desde que a Covid-19 chegou ao país.
Na ótica das intenções, Portugal fica em quarto lugar na Europa. O primeiro lugar do pódio é ocupado pela França, com 900 km prometidos e 500 já existentes. Em segundo lugar surge Itália que quer quase 420 km de vias para bicicletas e fez 23 e em terceiro está Espanha, cuja intenção é alcançar 200 km de novas vias, sendo que mais de metade já estão no terreno.
Desde que a Covid-19 mudou a vida de milhões de pessoas, foram muitas as cidades que, antecipando um aumento da mobilidade a duas rodas por parte quem quer evitar os transportes públicos, anunciaram a construção de vias para bicicletas.
Desde meados de março a federação Europeia dos Ciclistas contabilizou 1.021 milhões de euros de orçamentos para a construção de 2.318 km de ciclovias.
O presidente da Federação Portuguesa de Cicloturismo entende que as ciclovias podem ajudar quem quer usar a bicicleta no dia-a-dia, mas salienta que há outras medidas ainda mais necessárias, como a acalmia de tráfego e o cumprimento do código da estrada por parte dos automobilistas.
José Caetano sublinha que "o excesso de velocidade na via pública é enorme, e as pessoas têm receio de contacto". "Neste período da pandemia o entusiasmo foi grande", reconhece. Mas Caetano entende que "o automóvel continua a ser o rei, e o autarca tem um receio muito grande, porque o que está aqui em causa é o fator político e os votos".
A procura por bicicletas aumentou desde o início da pandemia, mas José Caetano está convencido que esta não é apenas uma moda que vai passar: "a bicicleta não é moda", garante. E dá um exemplo: "a Gira, o sistema de bicicletas partilhadas em Lisboa, é um enorme sucesso. E se outras cidades fizerem o mesmo, as pessoas vão para a bicicleta com naturalidade, porque a bicicleta vai ao encontro delas. A grande dificuldade é sair de casa com uma bicicleta, levá-la para o transporte público ou para o carro. Se tiver a bicicleta à mão, é mais fácil. Abrevia toda a chatice que é andar com uma bicicleta às costas", explica.
O presidente da Federação de Cicloturismo, que organiza cursos de aprendizagem, confirma que a procura por estas aulas tem aumentado muito, e que a vasta maioria são mulheres
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