As negociações decorreram na 45.ª reunião anual da Organização das Pescas do Atlântico Noroeste.
Corpo do artigo
Portugal vai poder pescar 2296 toneladas de bacalhau em 2024 na zona 3M, junto à Zona Económica Exclusiva (ZEE) do Canadá, um aumento de 92% face a 2023, anunciou este sábado o Ministério da Agricultura e da Alimentação.
"Este aumento é muito positivo para a frota bacalhoeira portuguesa, tanto mais que vem no seguimento do aumento já verificado em 2023, quando foi possível aumentar a quota em 52,5%, contribuindo para o reforço da rentabilidade desta frota e para que esta espécie tão apreciada continue a chegar às nossas mesas pelas mãos dos nossos pescadores", afirmou a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, citada em comunicado.
Os armadores portugueses dizem que é uma boa notícia. Luís Vicente, secretário-geral da Associação dos Armadores das Pescas Industriais, acredita que terá um impacto muito positivo para as empresas.
"É uma boa notícia, sem dúvida nenhuma. Quase duplica a possibilidade de pesca face ao ano anterior e volta a aproximar-se daquilo que tem sido o normal nos últimos dez anos para as possibilidades de pesca de Portugal que andavam, nos últimos dez, 15 anos entre as 2100 e as três mil toneladas. Portanto estamos a voltar a um nível onde volta a haver algum equilíbrio económico mesmo para as empresas. É esse regresso a uma espécie de normalidade do século XXI", reconheceu à TSF Luís Vicente.
O responsável vê a notícia como um regresso à normalidade depois de um período em que o stock de bacalhau, junto ao Canadá, foi fortemente protegido.
"Há cerca de quatro anos o que aconteceu foi que houve uma queda muito grande das possibilidades de pesca a reboque de uma narrativa muito alarmista de que o bacalhau ia encerrar e estávamos com um grande problema, etc. O setor português não acreditou, nem a ciência portuguesa e conseguimos felizmente manter as possibilidades de pesca abertas com novas medidas de gestão. Por exemplo, instituímos um novo defeso durante o período crítico da reprodução do stock e introduzimos novas medidas técnicas nas redes propriamente ditas para não capturar indivíduos tão pequenos e em quatro anos, como se vê, regressámos à média onde estávamos antes e, melhor do que isso, numa dinâmica de crescimento", acrescentou o secretário-geral da Associação dos Armadores das Pescas Industriais.
As negociações decorreram na 45.ª reunião anual da Organização das Pescas do Atlântico Noroeste (NAFO), no Palácio de Congressos Mar de Vigo, em Espanha, entre segunda e sexta-feira, sublinhou.
Em termos nacionais, o destaque das negociações incidiu no stock de bacalhau na zona 3M, cujo Total Admissível de Captura (TAC) foi estabelecido em 11.708 toneladas, referiu o Ministério da Agricultura.
"Os restantes `stocks´ de relevo para Portugal mantiveram as mesmas possibilidades de pesca", salientou.
A NAFO é uma Organização Regional de Gestão de Pescas que tem por objetivo gerir, numa base multilateral, os recursos de pesca situados no alto mar, numa zona contígua à ZEE do Canadá.