Portugueses gostam de ter marisco à mesa de Natal, mas preços estão "surreais"

No seu estabelecimento situado no mercado de Loulé, no Algarve, Rute Brito prepara quatro sapateiras para clientes estrangeiros que já estão à espera. Parte com um martelo as patas dos crustáceos e retira o recheio para encher as carapaças. Diz que não adiciona nem mostarda, maionese ou cerveja, como por vezes fazem alguns restaurantes: "É tudo ao natural."

"O que há muita procura é de sapateira, qualquer cliente que chegue aqui, se não houver sapateira, já não leva mais marisco", afirma a vendedora a sorrir. Ali, naquela loja familiar, além deste marisco, o que sai mais são as amêijoas e o camarão, apesar dos preços, que nesta altura atingem montantes que não são para todas as bolsas: a sapateira está a 33 euros o quilo, a amêijoa chega aos 40 euros/kg, o mesmo valor do quilo do camarão de Espinho, aquele que é mais apreciado e mais caro.

Como sabem que nesta altura há muita procura dos clientes, os fornecedores aumentam os valores. "Infelizmente é o que é pior", lamenta Rute. "Disparam os preços de uma forma que é surreal", adianta, acrescentando: "Acho que deviam manter um preço razoável para que todas as carteiras tivessem acesso."

Neste Natal os portugueses já tiveram de fazer mais contas para comprar o bacalhau - que também aumentou o valor por quilo, mas quem pode gastar mais algum dinheiro gosta sempre de ter marisco na mesa. Rute explica que nesta época, mais do que no fim de ano, existe mais procura.

Há clientes que se deslocam à loja e compram diretamente ao balcão, mas outros encomendam por antecedência. "Temos de preparar cerca de 300 encomendas", conta. Por isso, o trabalho nas últimas horas, antes da ceia, é árduo. Esta é uma empresa familiar e o que vale a Rute é a ajuda das suas seis irmãs. "Nesta altura estamos dois dias sem ir à nossa caminha", diz (a rir). "Por vezes levamos aqui até às cinco ou seia da manhã a preparar as encomendas", refere ainda.