Precariedade em Portugal: "Há um país real diferente do país muito sorridente de Costa"
Luís Montenegro recorda que já tinha alertado para a "circunstância de muita gente que trabalha em Portugal chegar ao fim do mês e não ter meios para pagar as despesas mais elementares".
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O presidente do PSD comentou, esta quarta-feira, os resultados do relatório do Eurostat que indicam que o trabalho precário inverteu a tendência e voltou a crescer. Luís Montenegro lembrou que já tinha alertado para o problema da precariedade em Portugal.
"Eu não sabia da existência deste relatório e alertei para a circunstância de muita gente que trabalha em Portugal chegar ao fim do mês e não ter meios para pagar as suas despesas mais elementares de alimentação, de habitação, de consumo, de energia, de mobilidade. Portanto, tudo aquilo que venho denunciando nos últimos meses em Portugal: o empobrecimento a que temos assistido, um nivelamento por baixo, está agora comprovado neste relatório", afirmou, em declarações aos jornalistas, em Portalegre.
"Há um país real que é completamente diferente do país sempre muito otimista, sempre muito sorridente do doutor Costa, do doutor Medina e de todos aqueles que os acompanham no governo", atirou.
Portugal volta a ultrapassar a Itália e a Polónia no ranking europeu da precariedade e assume um lugar no pódio dos países com mais contratos a termo. De acordo com os dados mais recentes do Eurostat, citados pelo Negócios, quando a média da União Europeia (UE) era de 13,2% de precários no total do emprego, nos primeiros três meses deste ano, Portugal colocava-se bem acima desse valor, com 17,2%.
À frente dos portugueses, só mesmo os espanhóis - ainda assim, com a diferença de apenas uma décima - e os "campeões da precariedade", os Países Baixos, onde um contrato precário pode ser renovado três vezes durante três anos e, com um intervalo de seis meses, é possível até fazer um novo contrato por termo limitado.
Em Portugal, o peso dos contratos a termo vinha a descer - atingido um mínimo de 16,1% no início de 2022 -, mas a tendência inverteu-se e o número de precários voltou a subir para o patamar dos 17%, parecendo até ter continuado a crescer, ao longo do ano.
Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), apontados pelo Negócios, revelam que, entre abril e junho, o peso dos contratos a termo subiu mesmo para 17,8%. São 756 mil situações de precariedade registadas.
Os dados divulgados não têm ainda em conta a entrada em vigor da Agenda do Trabalho Digno, que trouxe mais limites às renovações dos contratos temporários. Já em julho, a Autoridade para as Condições do Trabalho notificou 80 mil empresas para converterem 350 mil contratos precários em vínculos permanentes. A mudança tem de ocorrer até dia 10 deste mês.