"Prémio merecido." Graça Freitas agradece aos novos Nobel da Medicina por vacinas contra Covid-19
Uma distinção que, na opinião da ex-diretora-geral da Saúde, é bastante merecida e sublinha o bem comum que a vacina contra a Covid-19 proporcionou.
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A ex-diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, agradeceu aos investigadores distinguidos, esta segunda-feira, com o prémio Nobel da Medicina pelas investigações das primeiras vacinas contra a Covid-19, a húngara Katalin Karikó e o norte-americano Drew Veisseman. A líder da Direção-Geral da Saúde durante a pandemia destacou o resultado da persistência destes dois investigadores. Uma distinção que, na sua opinião, é bastante merecida e sublinha o bem comum que a vacina contra a Covid-19 proporcionou.
"Muito feliz por, obviamente, ser um prémio merecido e, sobretudo, agora em relação à Katalin Karikó, porque foi de uma persistência, acreditou sempre no seu projeto, levou adiante, ressuscitou-o e trabalhou em conjunto para encontrar um resultado que mudou as nossas vidas. Portanto, se há um prémio Nobel que é bastante merecido, foi toda a ciência e tecnologia que foram desenvolvendo ao longo dos anos. As vacinas não surgiram por milagre quando foram necessárias, surgiram porque antes já havia muita investigação e muito investimento numa nova tecnologia. Foi um prémio que, de facto, veio dar frutos na altura certa, que foi quando nós precisámos de uma vacina", explicou à TSF Graça Freitas.
A especialista descodifica a importância da investigação desenvolvida por Katalin Karikó e Drew Veisseman.
"Eles desenvolveram a ciência e a inovação na área das vacinas mRNA, que é uma coisa completamente distinta, e depois foi esse estudo, esse desenvolvimento já de trás, da ciência e da tecnologia, que permitiu, quando foi necessário, já estar desenvolvida a parte científica e tecnológica das moléculas. Depois foi mais fácil, com financiamento e esforços europeus e mundiais, desenvolver vacinas, fabricá-las, distribuí-las e em menos de um ano estávamos a dar as primeiras doses. Foi graças ao trabalho destas pessoas, muito para trás do ano em que demos a vacina, desde 2000 ou até antes, que tivemos a vacina", esclareceu a ex-diretora-geral da Saúde.
Para a antiga diretora-geral da Saúde, sem esta descoberta das vacinas de mRNA para combater a Covid-19, o mundo seria muito diferente. Muitas vidas foram poupadas.
"Teria sido muitíssimo mais difícil fabricar em tempo útil uma vacina eficaz, segura e com qualidade. Eles permitiram isso e este trabalho anterior, da inovação na área da vacinação, começa muito antes da vacina, dez a 15 anos antes. Senão teríamos tido o mundo como tivemos noutras epidemias e pandemias, em que a nossa proteção se ia adquirindo através da doença e isso teria levado a que mais pessoas estivessem internadas, muito mais doentes e mais morte. A vacina veio dar proteção, imunidade às pessoas de forma artificial, mas segura e sem sofrermos as consequências da doença grave", afirmou.
Se pudesse endereçar uma mensagem aos dois laureados com o Nobel da Medicina, Graça Freitas resumiria tudo a uma só palavra: gratidão.
"A primeira coisa era obrigada, a segunda era obrigada e a terceira era obrigada. Portanto, era um agradecimento profundo. Depois era parabéns por terem tido a capacidade de inovar e depois era, mais uma vez, parabéns pela persistência, pela capacidade de resistir e de acreditar num projeto e de o manter até à altura em que foi necessário e depois aí sim, houve financiamento apoio tudo isso. Todos os Nobel da Medicina têm sido importantes para o desenvolvimento, estes foram particularmente importantes para diminuir o impacto da pandemia na nossa saúde, na nossa vida cultural, social e na nossa vida económica. A palavra era de gratidão e de admiração pelo que eles conseguiram fazer", acrescentou Graça Freitas.
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O prémio Nobel da Medicina foi atribuído a Katalin Karikó e a Drew Weissman por descobertas que permitiram o desenvolvimento de vacinas mRNA eficazes contra a Covid-19, anunciou a academia esta segunda-feira.
A cientista húngara Katalin Karikó é professora na Universidade de Sagan, na Hungria, e professora adjunta na Universidade da Pensilvânia. O médico e investigador norte-americano Drew Weissman realizou a sua investigação premiada juntamente com Karikó na Universidade da Pensilvânia, adiantou o secretário da Assembleia do Nobel, Thomas Perlmann, que anunciou o prémio em Estocolmo.
Os dois investigadores observaram que as células dendríticas reconhecem o mRNA in vitro como uma substância estranha, o que leva à sua ativação e à libertação de moléculas de sinalização inflamatória. Questionaram porque é que o mRNA transcrito in vitro era reconhecido como estranho, enquanto o mRNA de células de mamíferos não provocava mesma reação.