Dados da Direção-Geral do Orçamento dão conta de que o SNS tinha quase 590 milhões de euros disponíveis quando, em 2021, esse montante era de apenas 232 milhões.
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Apesar dos problemas que afetam o Serviço Nacional de Saúde (SNS), o investimento público neste setor está a cair 33%. Os dados são avançados pelo Expresso esta sexta-feira e o semanário avisa que a situação pode levar a uma perda de fundos comunitários, mas não está relacionada com a falta de verbas no orçamento do SNS.
Os dados da Direção-Geral do Orçamento dão conta de que o SNS tinha quase 590 milhões de euros disponíveis quando, em 2021, esse montante era de apenas 232 milhões. No entanto, no último ano, já tinham sido investidos 102 milhões de euros e, em 2022, esse montante ficou-se nos 68,5 milhões de euros, ou seja, uma média de cerca de dez milhões de euros por mês.
De acordo com o Expresso, este valor corresponde a apenas 12% daquilo que estava inicialmente orçamentado para este ano. Para conseguir utilizar todas as verbas orçamentadas para 2022 seria necessário multiplicar por dez o nível atual de investimento no Serviço Nacional de Saúde para que utentes e profissionais pudessem usufruir de todo o montante até o ano acabar.
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Com este ritmo de investimento, a qualidade dos serviços prestados e a execução dos fundos europeus do Portugal 2020 ou do Plano de Recuperação e Resiliência estão em risco.
Perante estes números, o líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, acusa o Governo de fazer muitas promessas mas de fazer muito pouco para defender o SNS.
"Hoje percebemos que o ano de 2022 não está a ser diferente de anos anteriores e que o Governo, em vez de agir para resolver os problemas de um setor tão fundamental como a saúde, continua a fazer promessas, propaganda, mas pouca ação. No que toca particularmente ao investimento que é fundamental para criar condições de atratividade, quer nas carreiras quer na modernização dos serviços, que também é uma forma de aumentar a produtividade. Fica sempre no papel e isso é incompreensível num contexto em que todos nós percebemos que o Serviço Nacional de Saúde passou por um momento tão difícil como foi o período da pandemia", afirmou à TSF Pedro Filipe Soares.
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As críticas feitas pelo BE são reforçadas pela líder parlamentar do PCP, Ana Paula Santos, que acusa o Governo de falta de vontade política.
"O valor do investimento no Serviço Nacional de Saúde que é noticiado revela exatamente esta falta de política por parte do Governo e este caminho de não se investir. É inaceitável que na situação em que se encontra o SNS não exista a valorização dos seus profissionais e um reforço do investimento para aumentar a capacidade de resposta no Serviço Nacional de Saúde que é fundamental para garantir o direito à saúde para todos", sublinha Paula Santos.
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O PSD acusa o PS de estar a inventar desculpas para tentar justificar o que diz ser o desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde. Em declarações à TSF, o deputado Rui Cristina sublinha que Têm sido aprovados, na Assembleia da República, Orçamentos do Estado "que são cada vez maiores para a Saúde, com mais e mais milhões", mas assinala que "quando chega a parte da execução" orçamental, o dinheiro "fica na gaveta", acabando por refletir-se "nos maus serviços de saúde".
"Vem confirmar aquilo que se sabe, que existe uma enorme diferença entre a ficção e a realidade. A verdade é que o PS é exímio na sua propaganda, cria uma imagem alternativa, um mundo cor-de-rosa que nada tem a ver com a vida dos portugueses", critica.
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