
António José Seguro
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Na reunião da Comissão Política do PS, para definir as regras das eleições primárias de 28 de setembro, só o nome de Jorge Coelho para presidir à Comissão Eleitoral, juntou Costa e Seguro. Quanto ao resto, pouco ou nada foi consensual entre os dois lados da luta pela liderança socialista.
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A data para fecho dos cadernos eleitorais, que António Costa queria antecipar para 5 de setembro, e que estava inicialmente marcada para dia 21, acabou a meio caminho, antecipada para 12 de setembro.
O ponto mais polémico foi a criação de um órgão independente de fiscalização das primárias, uma exigência de António Costa, que acabou chumbada.
Foram mais de cinco horas de reunião da Comissão Política do PS, numa noite em que o debate não se ficou pelas primárias. À saída, António Costa lamentava a falta de consenso.
«É pena não ter sido possível consensualizar este processo, ajudava a credibilizar toda esta experiência das eleições primárias. Fizemos um grande esforço nesse sentido, infelizmente não foi correspondido», afirmou.
António Costa votou contra e deixa claro que não subscreve este processo: «não concordo com ele, a forma como foi desenhado, mas é natural, as maiorias formam-se e assumem as suas responsabilidades. Espero que, na prática, este processo não seja fragilizado na sua execução».
Em declarações aos jornalistas, António José Seguro também falou de responsabilidades, mas de outras responsabilidades. «Esta crise não estava prevista no PS. O PS ganhou duas eleições nos últimos oito meses e portanto, António Costa é responsável pelas suas atitudes e comportamentos», sublinhou Seguro.
Deixando um debate tenso para trás das costas, António José Seguro destacava o essencial, ou seja, «acabaram as discussões sobre normas, regras, congressos», defendendo que agora o essencial é debater com quem desafiou a sua liderança.
«Tenho pena que António Costa nestas quatro semanas tenha recusado permanentemente esse debate. Não sei do que ele tem medo», disse.
O candidato a líder deixou claro que só irá a jogo, nos debates mediáticos, quando, do outro lado, acabarem os ataques pessoais. Seguro respondeu que tem enorme autoridade moral, que durante três anos ouviu muito, leu muito e calou-se. Aliás, o atual secretário-geral disse mesmo que não vai hesitar em dizer o que realmente pensa de António Costa.
Nesta noite longa do PS, apenas um consenso. O secretário-geral do PS aceitou hoje o nome do antigo ministro socialista Jorge Coelho para presidir à comissão organizadora das eleições primárias, um nome sugerido no domingo por António Costa.