PSD diz que não foi "adversário político" do Governo mas queixa-se de não ser ouvido
Fernando Negrão afirmou que o partido acreditou que, nas circunstâncias excecionais da pandemia, "o bom senso teria que imperar, a ideologia não devia ter espaço".
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O PSD sublinhou hoje que, devido à pandemia de Covid-19, durante o último ano não foi "adversário político" do Governo, mas lamentou não ter participado nem sido ouvido nas decisões.
Numa intervenção no debate da renovação do estado de emergência, no parlamento, o deputado e vice-presidente da Assembleia da República Fernando Negrão destacou que o PSD votou por 13 vezes ao lado do PS.
"Durante um ano, e no que respeita ao vírus, não fomos adversários políticos, embora sem esquecer que muitas vezes nos foi escondida a estratégia, se é que havia estratégia, e em que tantas vezes discordámos na forma, no tempo e no conteúdo de tantas medidas", criticou.
O ex-líder parlamentar do PSD afirmou que o partido acreditou que, nas circunstâncias excecionais da pandemia, "o bom senso teria que imperar, a ideologia não devia ter espaço".
"Mas enganámo-nos. Nem sempre o bom senso imperou, nem sempre a ideologia esteve ausente e nem sempre as decisões seguiram os conselhos dos especialistas. Demasiadas vezes aconteceu exatamente o contrário", considerou.
Negrão lamentou ainda que, apesar de o PSD ter dado condições ao Governo para agir no combate à pandemia, não tenha participado nas decisões.
"Não nos foi reconhecido o direito de poder contribuir de forma qualificada, nem nos foi - ou é - sequer concedido o direito de sermos ouvidos, de nos darem as justificações que pedimos, de nos responderem ao que perguntamos, de nos prestarem contas quando solicitadas", acusou.
Na sua intervenção, o deputado considerou que, ao longo do último ano, "tem sido uma relação tão desequilibrada" com o Governo, que o PSD, "por respeito por si próprio, poderia simplesmente quebrar".
"E não lhe faltam argumentos para isso. Mas não o fez. E não o fez por uma única razão: os portugueses", justificou, considerando que o papel do partido é importante para que "os apoios saiam do papel", que não há "preconceitos ideológicos" nem "discriminações sectárias".
Fernando Negrão acusou ainda o Governo de, ao longo do último ano, "correr atrás do prejuízo" e continuar a "reagir e não prevenir", considerando que a situação de janeiro poderia não ter sido tão grave "se se tivesse agido mais cedo".
"Agora, a dias de um novo desconfinamento, o caminho é claro. Não há outro: testar muito, rastrear em tempo útil, isolar as cadeias de transmissão. E, mais importante, vacinar o maior número de pessoas", disse, defendendo que Portugal deve aproveitar a sua presidência da União Europeia para "fazer ouvir a sua voz" nesta matéria.
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