PSD sai "extraordinariamente preocupado" da comissão de Defesa à porta fechada
Ministra da Defesa Nacional foi ouvida em comissão parlamentar, à porta fechada, sobre quebra de segurança informática relacionada com documentos secretos da NATO. PSD ouviu e saiu mais preocupado do que entrou, falando em respostas "evasivas" da parte de Helena Carreiras e garantindo que vai tornar chamar entidades ao parlamento.
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"Extraordinariamente preocupados". Foi este o sentimento expresso pelo PSD à saída da audição à porta fechada da ministra da Defesa, Helena Carreiras. Em causa, matérias de ciberdefesa, nomeadamente as alegadas quebras de segurança que permitiram que documentos portugueses da NATO tenham sido apanhados à venda na darkweb, conforme noticiou o Diário de Notícias.
Sem detalhar o tema por razões de segurança nacional, o deputado social-democrata Joaquim Pinto Moreira diz que a preocupação do partido "seguramente que aumentou". "Não saímos mais esclarecidos, saímos muito mais preocupados", nota vice-presidente da bancada do PSD.
"Nas respostas, mesmo aquelas relativamente às quais a ministra poderia ser mais aberta, foi extraordinariamente evasiva, limitou-se a dizer aquilo que já tinha dito na audição regimental à porta aberta no que diz respeito à capacitação, recursos humanos, investimentos, aquilo que foi feito e propõe eventualmente fazer", informa Pinto Moreira.
Antes desta audição, Helena Carreiras foi ouvida ao abrigo do regimento da Assembleia da República e garantiu que "ao nível da capacidade tecnológica, os investimentos no quadro da Lei de Programação Militar têm permitido alcançar melhorias" e que o plano passa por "reforçar essa linha de investimento em atualização permanente".
A ministra detalhou ainda que considera "da maior importância continuar a aprofundar o trabalho em curso no âmbito do Comité de Monitorização da Ciberdefesa e a dinamizar os instrumentos formativos essenciais à qualificação dos recursos humanos" e que espera que possa ser aprovada "em breve" a Estratégia Nacional de Cibersegurança.
Ora, na segunda audição, Pinto Moreira adiantou que "a senhora ministra voltou a não dar resposta sobre a dotação orçamental que neste momento tem, de 1,6 milhões de euros, para investir nesta matéria ainda este ano, e que até à data ainda se desconhece o Estado da Arte relativamente a este procedimento".
Para o vice da bancada do PSD com a área da Defesa, "o que se passa aqui é que a causa de tudo isto tem que ver com a falta de investimento, diria mesmo de desinvestimento, na capacitação, nos recursos humanos e nos equipamentos necessários". "Temos de fazer uma valorização salarial nestes domínios em específico porque, em termos de administração pública e no que diz respeito às Forças Armadas, não se pode querer competir com os preços que se praticam no mercado lá fora", defende.
Ainda no âmbito da ciberdefesa, Pinto Moreira diz que vai voltar a pedir a audição do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, do secretário de Estado da Digitalização e de outras entidades, sobre os ciberataques no Estado-Maior, dizendo que o PS não deverá inviabilizar (como fez no mês passado), "até porque a ministra o sugeriu na reunião".