"Quando a polícia chegava, a primeira reação era fugir. Agora, é confrontar" as autoridades
Sindicato diz que polícias estão a sentir na pele o aumento da criminalidade violenta e defendem o uso de coletes à prova de bala.
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O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Policia (ASPP/PSP), Paulo Rodrigues, diz-se preocupado, mas não surpreendido, com os dados que dão conta de um aumento da criminalidade violenta e grave em 2019.
Segundo o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), foram registados no ano passado 14.398 crimes violentos, 40 por dia, mais 3% do que em 2018.
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"Temos sentido que a criminalidade está mais violenta", diz Paulo Rodrigues à TSF. "Sentimos isso na pele, porque, quando a polícia chegava, a primeira reação dos criminosos era sair do local, fugir à polícia. Neste momento, a primeira reação é confrontar a polícia e tentar agredi-la."
Para lidar com este tipo de criminalidade, defende, é necessário investir em equipamento: "os coletes de proteção balística são essenciais na grande parte das zonas mais complexas, e a arma taser, que é uma arma não letal."
"Estamos a caminhar para uma situação muito mais complexa e que não está a ser levada a sério", alerta o presidente da ASPP/PSP, revelando que enviou há cerca de três semanas um conjunto de sugestões ao Ministério da Administração Interna e à Inspeção-geral da Administração Interna.
Paulo Rodrigues defende que "o modelo de patrulhamento deve ser alterado, sobretudo durante a noite e em zonas que por norma são mais complexas".
Além disso, para cumprir as novas regras de confinamento na aérea metropolitana de Lisboa, será necessário um reforço policial, sob pena de ser necessário exigir um esforço acrescido aos agentes, com mais horas extraordinárias e eventual adiamento de férias.
O presidente da ASPP/PSP admite que os próximos meses vão ser difíceis. O patrulhamento das ruas durante a pandemia de Covid-19 é uma "missão bastante ingrata", lamenta.
"Por um lado, temos de fazer pedagogia - e é o que temos feito -, e agora vamos poder sancionar, mas é muito difícil chegar a um ajuntamento de 70 ou 80 pessoas, identificar toda aquela gente e passar contraordenações."
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"Não é um trabalho propriamente simples. Estamos muito céticos quanto à forma como o nosso trabalho vai ser feito daqui para a frente e a forma como as pessoas nos vão encarar quando lhes pedirmos identificação para passar a contraordenação."
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