"Que há alguém que revela o que se passa no Conselho de Estado, isso é evidente"
Santos Silva desvaloriza a troca de respostas entre os dois candidatos à liderança do PS, considerando que esta situação "em nada tem prejudicado os debates internos" do partido.
Corpo do artigo
O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, defendeu esta terça-feira ser "evidente" que existe "alguém que revela o que se passa no Conselho de Estado" e insistiu que vê aquelas fugas como "uma ofensa".
"Que há alguém que revela o que se passa no Conselho de Estado, isso é evidente, se não, não havia fugas de informação do Conselho de Estado. O que eu penso sobre isso, toda a gente sabe", afirmou Augusto Santos Silva, à margem da apresentação do livro Cerco ao Parlamento, de Isabel Nery.
TSF\audio\2023\11\noticias\21\santos_silva_1
Já em setembro, o líder do Parlamento tinha sublinhado que fugas de informação sobre reuniões do Conselho de Estado são uma ofensa a este órgão de consulta e aos conselheiros.
"Acho mesmo que as fugas de informação de reuniões do Conselho de Estado, que são reuniões reservadas, são uma ofensa ao Conselho de Estado e aos conselheiros", respondeu Santos Silva, que é membro deste órgão de consulta do Presidente da República.
Augusto Santos Silva apontou que "é uma questão de honorabilidade de membros de órgãos tão importantes como o Conselho de Estado saberem respeitar as regras".
Na segunda-feira, o primeiro-ministro escusou-se novamente a revelar se e quando pediu ao Presidente da República para chamar ao Palácio de Belém a procuradora-geral da República e lembrou que há "dever de confidencialidade" no Conselho de Estado.
António Costa tinha sido questionado na Alemanha sobre a revelação, por parte do conselheiro de Estado António Lobo Xavier, de que foi em sede de Conselho de Estado que o primeiro-ministro adiantou ter sido ele próprio a pedir a Marcelo Rebelo de Sousa que chamasse Lucília Gago ao Palácio de Belém sobre a investigação Operação Influencer.
No último sábado, António Costa já afirmara não se recordar de ter falado publicamente sobre quem chamou ao Palácio de Belém a procuradora-geral da República e salientou que nunca transmite por heterónimos conversas com o Presidente da República, isto depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter revelado, em Bissau, na sexta-feira, que foi o primeiro-ministro quem lhe pediu para chamar Lucília Gago ao Palácio de Belém para esta lhe dar explicações sobre o processo em que o ainda líder do Executivo está envolvido.
Santos Silva desvalorizou ainda esta terça-feira a troca de ataques entre os dois candidatos à liderança do PS, considerando que esta situação "em nada tem prejudicado os debates internos" do partido.
"Os partidos políticos democráticos portugueses são, felizmente, forças plurais que têm os seus debates internos, que sabem resolver nos termos dos seus estatutos e isso em nada tem prejudicado a existência desses debates internos, da diversidade interna, em nada tem prejudicado os partidos democráticos portugueses e julgo que isso vai continuar assim", defendeu.
José Luís Carneiro recusou este domingo "lições de como se deve combater a direita", depois das críticas de Pedro Nuno Santos, que o acusou de que querer que o PS seja "muleta de um governo do PSD".