"O meu nome é uma manobra de diversão." Lobo Xavier acusa Costa de "adensar intriga" com Marcelo
O conselheiro de Estado rejeita ter violado o direito de confidencialidade, sublinhando que Marcelo Rebelo de Sousa pode revelar o conteúdo das atas, em situações "excecionais".
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António Lobo Xavier acusou esta terça-feira António Costa de "adensar o clima de intriga" com o Presidente da República, ao rejeitar revelar se foi do primeiro-ministro que partiu o pedido para ouvir a procuradora-geral da República.
Na CNN Portugal, o conselheiro de Estado fala em "manobras de diversão" e lamenta que o seu nome tenha sido envolvido na polémica.
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"O meu nome não devia estar no alinhamento do telejornal. Há outras pessoas, há outros nomes, há envolvidos, enfim de discussões sobre a investigação, há discussões sobre a separação de poderes. O meu nome é uma pequena manobra de diversão para evitar o essencial e para criar uma intriga com o Presidente da República", afirmou.
O antigo dirigente do CDS-PP Lobo Xavier rejeita por isso ter violado o direito de confidencialidade durante o programa da TSF e da CNN Portugal, O Princípio da Incerteza, sublinhando que Marcelo Rebelo de Sousa pode revelar o conteúdo das atas do Conselho de Estado, em situações "excecionais".
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"António Costa sabe muita coisa, mas esqueceu-se de dizer, por exemplo, que as atas só podem ser reveladas 30 anos depois, mas está lá também uma disposição que diz que o Presidente da República, em situações excecionais, pode revelá-las antes", aponta.
António Lobo Xavier garantiu esta segunda-feira, no programa O Princípio da Incerteza, que o primeiro-ministro demissionário disse, perante outras pessoas, que foi ele quem pediu a Marcelo Rebelo de Sousa para chamar a Procuradoria-Geral da República a Belém, antes mesmo de saber que estava citado num processo criminal, no dia em que se demitiu.
"O primeiro-ministro pediu ao Presidente da República para saber se de facto ele era um obstáculo à defesa dos arguidos. O PR pediu à PGR para conversar com ele, onde se verificou que o primeiro-ministro era também alvo de um inquérito que corria no Supremo Tribunal", detalhou.
Na segunda-feira, o primeiro-ministro escusou-se novamente a revelar se e quando pediu ao Presidente da República para chamar ao Palácio de Belém a procuradora-geral da República e lembrou que há "dever de confidencialidade" no Conselho de Estado.
António Costa tinha sido questionado na Alemanha sobre a revelação, por parte do conselheiro de Estado António Lobo Xavier, de que foi em sede de Conselho de Estado que o primeiro-ministro adiantou ter sido ele próprio a pedir a Marcelo Rebelo de Sousa que chamasse Lucília Gago ao Palácio de Belém sobre a investigação Operação Influencer.
No último sábado, António Costa já afirmara não se recordar de ter falado publicamente sobre quem chamou ao Palácio de Belém a procuradora-geral da República e salientou que nunca transmite por heterónimos conversas com o Presidente da República, isto depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter revelado, em Bissau, na sexta-feira, que foi o primeiro-ministro quem lhe pediu para chamar Lucília Gago ao Palácio de Belém para esta lhe dar explicações sobre o processo em que o ainda líder do Executivo está envolvido.