"Birra de meninos." Marcelo quer "desprestigiar" Costa e primeiro-ministro "está a cair"
O politólogo José Adelino Maltez sublinha na TSF que Marcelo e Costa não vão ser "considerados heróis desta encruzilhada", defendendo que as polémicas "ferem os dois".
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O primeiro-ministro voltou esta segunda-feira a não querer revelar se e quando pediu a Marcelo Rebelo de Sousa para chamar ao Palácio de Belém a procuradora-geral da República, uma informação que foi avançada pelo Presidente da República, que sugeriu que António Costa já tinha "esclarecido" esta questão. O politólogo José Adelino Maltez considera, por isso, em declarações à TSF, que "as duas principais figuras da política portuguesa" estão "em birras de meninos".
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Questionado pelos jornalistas sobre as declarações do advogado e conselheiro de Estado Lobo Xavier, que no Princípio da Incerteza, programa da TSF e da CNN Portugal, disse que António Costa tinha revelado publicamente que tinha sido ele quem tinha pedido a Marcelo Rebelo de Sousa para falar com a procuradora-geral da República, o primeiro-ministro demissionário afirmou que não se lembra de ter tido "nenhuma conversa em público com Lobo Xavier" e, perante a insistência das perguntas sobre se o teria admitido na reunião do Conselho de Estado, não confirmou e pediu paciência.
O professor catedrático do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa não esconde o espanto com a troca de palavras que envolvem o chefe do Executivo e o chefe de Estado.
"Eu fico admirado de ter as duas principais figuras da política portuguesa em birras de meninos e cada vez mais essa explicação é fatal. Costa viveu muito, não digo na sombra, mas na coexistência mobilizadora para o bem público com o Presidente da República e agora zangaram-se, há uns mesinhos e, portanto, cada um puxa por si", aponta.
José Adelino Maltez lamenta igualmente que o primeiro-ministro, ao falar "todos os dias", esteja "a cair" na estratégia do "adversário" Marcelo, acusando-o de querer "desprestigiar" António Costa.
"Costa é um primeiro-ministro em gestão com um partido [que está] partido, mas vai querer falar todos os dias. Julgo que está a cair naquilo que um adversário neste momento, que é Marcelo, quer: desprestigiá-lo pelo uso e abuso da palavra público em torno de questões, que cada um pode ter as suas razões, mas que não interessam absolutamente nada para o futuro do povo português", alerta.
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Ainda assim, para o politólogo, nem Marcelo Rebelo de Sousa, nem António Costa vão ser "considerados heróis desta encruzilhada", defendendo que estes casos "ferem os dois".
"Não tenho dúvidas absolutamente nenhumas de que era melhor passar para a outra fase. Estão a arrastar uma questiúncula que não contribui para o prestígio das instituições", sublinha.
José Adelino Maltez apela ainda que as duas principais figuras de Portugal "não tenham comportamentos de pirralhos", sugerindo-lhes que parem: "Eu aconselhava o primeiro-ministro em gestão e o Presidente da República, por causa destes malfadados atos de fuga de heterónimos, de conversas, de falta de segredo político, a pararem. É melhorem pararem."