Decisão de incluir informação sobre Costa em comunicado da operação Influencer terá sido de Lucília Gago
A procuradora-geral da República tinha receio que o Ministério Público pudesse ser acusado de estar a proteger o primeiro-ministro.
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A decisão de revelar a existência de uma investigação criminal contra António Costa no comunicado da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a operação Influencer terá partido de Lucília Gago.
Segundo avança o jornal Expresso, que cita fontes judiciais, a procuradora temia que o Ministério Público (MP) pudesse ser acusado de estar a proteger o primeiro-ministro quando fosse tornado público que estava a ser investigado por um procurador do Supremo Tribunal.
Por isso, Lucília Gago terá decidido incluir o parágrafo sobre Costa, fugindo à norma nos comunicados emitidos pela PGR, que habitualmente são redigidos apenas com as informações provenientes do DCIAP.
A decisão de Lucília Gago não terá provocado mal-estar na equipa de magistrados liderada por João Paulo Centeno, adianta o mesmo jornal.
Ao Expresso, o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, Adão Carvalho, assegurou que a demissão de Costa apanhou "de surpresa" tanto Lucília Gago como os procuradores que investigam o caso.
Isto depois do próprio António Costa assumir a surpresa com o comunicado da PGR. "Fui hoje surpreendido com a informação da Procuradoria-Geral da República de que já foi ou irá ser instaurado um processo crime contra mim", disse na declaração em que comunica a demissão ao país, no dia 8 de novembro.
Fonte de Belém assegura ao semanário que Marcelo Rebelo de Sousa não teve qualquer interferência na comunicação da PGR e que ficou a saber por Lucília Gago da existência de um processo criminal contra o primeiro-ministro, antes da divulgação do comunicado.