Ramadão durante a pandemia. "A recitação do Corão é feita em plataformas digitais"
A comunidades islâmica portuguesa aguarda uma orientação da DGS para uma eventual reabertura das mesquitas. Enquanto isso não acontece, o Ramadão, um dos momentos chave do islamismo, tem de ser vivido sem a experiência de comunidade.
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Esta sexta-feira inicia-se o Ramadão, nono mês do calendário Islâmico e uma das mais importantes datas para os muçulmanos. Até 24 de maio, os dias são de jejum e oração, mas, devido à pandemia, as mesquitas em Portugal encontram-se fechadas, pelo menos até 2 de maio. As orações e a quebra do jejum ao fim do dia serão feitas em casa.
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David Munir, o imã da Mesquita de Lisboa, explica que vai haver uma aposta nas atividades online, com exceção das orações. O Estado de Emergência veio alterar a forma como é conduzido o culto. "Muda em termos de congregação: em termos de vir à mesquita, participar nas orações na mesquita, ou seja, fazer tudo como coletividade, em conjunto. Isto não será possível, pelo menos até 2 de maio."
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Ouvido pela TSF, David Munir também explica a forma como os fiéis têm sido orientados. "Vamos dando informações e vamos dando palestras e conversas online. As orações não são transmitidas, são presenciais, feitas em casa, mas a recitação e explicação do Corão são feitas com recurso a plataformas digitais, e cada mesquita pode usá-las à sua maneira."
O Ramadão termina a 24 de maio, já depois de acabar o Estado de Emergência em Portugal. Por isso, a comunidade islâmica ainda não sabe como decorrerá a última parte do mês sagrado. "Se a DGS achar muito cedo reabrir as mesquitas, então as mesquitas continuarão fechadas", garante o imã.
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"Vamos ver a abertura que a DGS nos dá. Eles podem dizer que sim. Para cada oração podem estar apenas dez, ou 15 ou cinco pessoas... As mesquitas e as comunidades têm de selecionar e gerir as pessoas que estarão presentes. Será um problema interno."
A comunidade islâmica também tem respeitado as normas da Direção-Geral da Saúde e aguarda uma decisão quanto à reabertura de locais de culto. Em Portugal há 50 mil muçulmanos.