Presidente da junta de Vilar de Mouros lembra que em 1982 assistiu à mais longa e impactante edição do festival.
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Carlos Alves, 70 anos, natural de Vilar de Mouros e presidente de junta daquela freguesia de Caminha há 29, viveu todas as edições do festival fundado há 51 anos. Acredita que após os altos e baixos que marcaram a história do evento, a edição de 2022 que acaba este sábado possa ser das melhores de sempre. A organização anunciou no arranque do festival que a meta era chegar às 60 mil pessoas nos três dias.
"Tive receios em determinado momento que o festival pudesse perder-se, devido a problemas que foram surgindo e, sobretudo, por causa da proliferação de festivais que foram acontecendo no país", disse autarca à TSF, considerando, no entanto, que "desde que foi possível voltar a um novo relançamento foi possível verificar que afinal Vilar de Mouros continua vivo". E acrescentou: "O festival está de pedra e cal em termos de aceitação da população e os concertos de ontem [quinta-feira] provaram que depois desta pandemia houve mais gente do que nos últimos anos no mesmo dia. Acho que esta pode ser uma das melhores edições de sempre".
Carlos Alves, nasceu em Vilar de Mouros e estava emigrado em França, quando aconteceu o primeiro evento internacional com Elton John e Manfred Mann, Tinha na altura 18 anos de idade e estava de férias na aldeia. "Foi uma coisa imensamente estranha. Tinha tido uma juventude muito rasca de trabalho, comecei muito novo e vivi aquilo sem me aperceber claramente o que se estava a passar. Foi uma festa diferente, com muita gente e muita confusão", descreveu, lembrando que em 1982 assistiu à mais longa e impactante edição do festival de Vilar de Mouros. Tocaram os U2 tocaram e houve nudismo na aldeia. "A população não estava habituada a ver jovens drogados, roubos de espigas de milho e fruta e muito menos a ver nudismo que se praticou nesse ano no rio Coura. O festival durou nove dias", recorda Carlos Alves, que é presidente de junta de Vilar de Mouros desde 1989, apenas com interregno de um mandato.
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Outra edição marcante, foi a de 1996. "Foi um marco histórico na história dos festivais, porque esse ainda foi feito no recinto antigo e foi uma enchente de tal forma grande, uma euforia tão brutal, com as pessoas sedentas do festival, que ainda a edição ia a meio e foi necessário pensar num outro recinto", relatou.
Depois dessa edição, o evento saiu do palco original, mas só regressou em 1999 no recinto atual, que a junta de freguesia batizou com o nome do fundador do festival, o médico António Barge. E que acolhe até hoje o palco principal do evento e emociona Carlos Alves. "Como festivaleiro quando entro no recinto dos concertos e vejo, embora não seja um expert da música, aquele entusiasmo todo, aquela multidão, choro de alegria", conclui.