Coube aos algarvios The Black Teddys inaugurar o palco desta edição do festival e, no final, havia uma certeza: "Está bem mais quente aqui que no Algarve."
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O festival de Vilar de Mouros começou esta quinta-feira com várias gerações a encher o recinto para ver (principalmente) Placebo. À hora do concerto da banda de rock alternativo registou-se a maior enchente da noite e logo após o fim notou-se um desafogar da multidão que se apinhava até junto ao palco. Mas nem só destes consagrados vive o cartaz deste ano. Público de todas as idades aguarda por outros nomes. Iggy Pop, 72 anos de idade e mais de 50 de carreira, é dos mais aclamados. Atua no sábado já quase ao fim da noite e a encerrar o festival.
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"Vim ver o velhote, da minha idade. Tem mais até. O velhote. É o Iggy", disse à TSF Bernardim Correia, de Águeda, festivaleiro de segunda viagem em Vilar de Mouros aos 68 anos. A primeira vez foi na década de 80, mas o sexagenário diz que "foi há tanto tempo, que já nem se lembra".
Iggy Pop é um dos nomes grandes do cartaz deste ano, quase toda a gente o refere, mas não é o único. Sérgio Teixeira, fotografo freelancer, do Porto, está no festival pela primeira vez e indica três: "Já fui a todos os festivais, não só para fotografar como para ouvir, mas este é o primeiro em Vilar de Mouros. Inicialmente vinha, mesmo que não conseguisse acreditação, para ver Bauhaus e Iggy Pop. Como consegui, vejo tudo. Hoje (ontem) Placebo, sem dúvida".
Miguel Santos, motorista, do Porto, guia um dos autocarros descapotáveis que fazem a ligação entre Caminha e Vilar de Mouros. Já é repetente e gosta destas andanças, mas este ano até lamenta ter de trabalhar, pelo menos esta sexta-feira à noite. "Adorava ver o concerto dos Simple Minds, mas estou a fazer a noite. Não dá. É pena", comentou.
A banda de Jim Kerr (vocalista e fundador), atua às 23h30 horas e é a principal atração do segundo dia do festival. A essa hora Miguel estará a transportar festivaleiros, numa viagem que dura cerca de 20 minutos, entre Caminha e o recinto.
O shuttle funciona de 40 em 40 minutos e anda quase sempre cheio. "O autocarro começa a encher aí pelas 17 até às 21 horas. Depois abranda um bocadinho e a seguir começa a malta a regressar, até às quatro ou cinco da manhã", descreveu, considerando que as pessoas que transporta "são diferentes".
"Não há dúvidas de que este é um festival mítico, completamente diferente do normal. Vem gente de todas as idades. Ainda há bocado deixei um senhor que devia ter perto de 90 anos", contou.
Uma banda jovem, The Black Teddys, oriunda do Algarve, deu ontem o primeiro concerto do festival deste ano. E também se estreou, finalmente, no mítico recinto. "Sempre sonhamos com Vilar de Mouros. Sempre foi um objetivo atravessar o país para vir tocar cá no Norte. E foi surreal. Um sonho concretizado", afirmou o baixista André Brito.
Para Carlos Favinha, o vocalista da banda indie rock, que se diz influenciada por artistas e bandas do panorama rock e pop, das décadas de 60 e 70 até à atualidade, a atuação valeu pela conexão com os festivaleiros de Vilar de Mouros.
"Uau! Foi uma experiência inigualável. Foi muito, muito bonito. Mágico, quase. Estava imenso público à nossa frente e curtiu as músicas connosco", comentou, acrescentando: "Lá em baixo o pessoal estava a fazer isto aquecer, por isso, acho que está bem mais quente aqui que no Algarve."