Redução das portagens no Interior? Utentes querem fim dos pagamentos "em todo o país"
O Governo prevê a redução do valor das portagens no interior no primeiro trimestre do próximo ano. A comissão de utentes da A22, da Via do Infante, fala em "discriminação do Algarve".
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A pensar nos problemas de mobilidade no interior do país, o Governo prevê no primeiro trimestre do próximo ano reduzir o valor das portagens e aumentar a oferta de transportes públicos. À TSF, José Rui Ferreira, da comissão de utentes da A28, defende que a redução e eliminação do valor das portagens devia ser aplicada a todo o país e não apenas às regiões do interior e fala numa oportunidade perdida.
"Num momento em que assistimos a um aumento brutal dos preços dos combustíveis, seria uma medida que iria amenizar um pouco esse impacto", defende, referindo que "o que se impunha era acabar mesmo com as portagens em todo o país".
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"Reduzir é sempre melhor do que nada, mas na nossa opinião, o que cada vez mais se impõe, para ter um verdadeiro impacto, era mesmo acabar com as portagens. As pessoas que utilizam as ex-SCUT não as utilizam para passear de uma forma geral, utilizam para trabalhar todos os dias", sublinha.
Também ouvido pela TSF, João Vasconcelos, da comissão de utentes da A22, da Via do Infante, no Algarve, fala em discriminação e defende que o Governo devia acabar com as portagens nas ex-SCUT.
Tendo em conta o aumento do custo de vida, "neste momento, o que se impunha era acabar com as portagens", frisando a "discriminação do Algarve".
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Questionada na segunda-feira pela agência Lusa, em Ponte de Lima, no distrito de Viana do Castelo, sobre as medidas que irão integrar a revisão do programa Trabalhar no Interior, que o Governo quer executar no primeiro semestre de 2023, Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial, disse que a mobilidade é "um problema grande" dessas regiões devido "à falta de transportes públicos".
"Há uma medida programática que prevê que, durante o primeiro trimestre [2023] se conceba um programa, sobretudo nos territórios do interior, que tem a ver com a mobilidade", disse à margem da sessão de encerramento do projeto Alto Minho 4.0, que decorreu na sede da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho.
"Temos um problema grande nos territórios do interior que é a falta de transportes públicos, o que torna, nomeadamente, no caso das autoestradas, o custo das portagens muito elevado porque as pessoas não têm transportes coletivos", insistiu.
Segundo Ana Abrunhosa, "a ideia é, durante o primeiro trimestre de 2023, trabalhar um programa integrado que combine, não só a redução do preço das portagens, como consta do Programa do Governo, mas também um programa de apoio para aumentar a oferta de transportes coletivos nestes territórios para diminuir o uso do transporte automóvel".
De acordo com o relatório que acompanha a proposta de Orçamento do Estado para 2023, entregue na segunda-feira na Assembleia da República, o Governo pretende, no primeiro semestre do próximo ano, fazer uma revisão do programa Trabalhar no Interior, passando este "a abranger os trabalhadores dos diversos setores (público, privado ou social)."
"Adicionalmente, tendo em consideração outros incentivos fiscais existentes, dirigidos a jovens ou à atração e regresso de talento a Portugal, o Governo avaliará o reforço da medida Emprego Interior Mais através de um enquadramento fiscal próprio", lê-se no documento.