Reforma no mercado da eletricidade? "Há declarações de comissários que são perfeitos absurdos"
O coordenador do Observatório Ibérico de Energia espera por mais detalhes sobre a reforma, mas espera que "altere os paradigmas industriais e agrícolas", que considera "obsoletos" em matéria de energia.
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O coordenador do Observatório Ibérico de Energia, António Eloy, considera que as declarações da presidente da Comissão Europeia, anunciando que está a ser desenvolvida uma reforma "estrutural no mercado da eletricidade", são vagas e que Ursula Von der Leyen deveria ter sido mais concreta nessas palavras.
A líder dos 27 anunciou, esta segunda-feira, que os "preços da eletricidade em alta estão a expor as limitações da atual configuração do (...) mercado de eletricidade", pelo que anunciou que já está em curso uma reforma no mercado, sem se adiantar quanto a detalhes. Questionado sobre em que se poderá basear essa reforma, o líder do Observatório Ibérico de Energia considera que esta mudança deveria centrar-se na poupança e na "alteração dos paradigmas industriais e agrícolas".
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António Eloy vinca que na área agrícola também em Portugal se está a fazer uma aposta "obsoleta" no "mais regadio", que "tem custos energéticos e de dispêndio de água". "Em Portugal, que eu saiba não há nenhum plano de poupança, de alteração das lógicas de consumo, nos hipermercados, das lojas, do consumo público. Devia haver, eventualmente estará a ser preparado, poderá ser apresentado em breve, mas será sempre tarde", vaticina o líder do Observatório Ibérico de Energia.
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Questionado sobre se a reforma europeia poderia passar por separar os preços do gás dos da eletricidade, como está a ser pensado na Alemanha, António Eloy considera que esse caminho seria um erro, uma vez que "parte muito substancial" da eletricidade é produzida através do gás.
Num olhar global, António Eloy considera que há falta de pensamento assente numa carência de conhecimento técnico por parte dos políticos: "Temos de modificar as nossas relações com a energia, a eletricidade, o mercado, tudo isso requer uma concessão e um pensamento globais. Todos os dias assistimos a declarações de comissários que são perfeitos absurdos. Assistimos ao desenvolvimento de políticas que são contrárias a todas as lógicas de poupança, de recursos, de energia, e de coisas fundamentais como a água e o equilíbrio atmosférico".
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