Líder social-democrata recusa que o partido tenha mudado de posição e lembra que sempre defendeu o equilíbrio orçamental do país. Até porque, na última quinta-feira, nem sequer houve qualquer votação.
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Rui Rio garante que o PSD nunca recuou na questão das carreiras dos professores porque aquilo que aconteceu na comissão de Educação e Ciência, na última quinta-feira, não foi uma votação geral, mas sim uma "aprovação" de um texto feita "artigo a artigo".
"O PSD recuava se tivesse votado de uma maneira e agora fosse votar de outra maneira", explicou o líder do PSD em entrevista à TVI, defendendo que a votação sobre esta matéria é uma só: a que vai acontecer na Assembleia da República. O que se passou na comissão foi, aos olhos de Rio, uma mera "aprovação do texto" que vai a votos.
Rio refuta que, na quinta-feira, PSD e CDS tenham vindo a público dizer que iriam votar a favor da reposição, defendendo que tal ideia foi "um engano completo" e que o povo português "entendeu o que lhe venderam" os jornalistas. "Se tivesse havido uma votação na comissão, teríamos votado contra", garante.
O texto que resultou da comissão só ficou pronto "para os deputados o conhecerem", garante Rio, na manhã de sexta-feira. Questionado sobre a possível existência de alguma confusão na informação trocada entre deputados e o líder do PSD, Rio garante que "os deputados estavam em perfeita sintonia com aquilo que a liderança do partido queria, que é a salvaguarda financeira".
Para o PSD, garante Rio, "é absolutamente vital que aquilo que vier a ser aprovado não origine desequilíbrios orçamentais futuros". O líder social-democrata reforça que, se a norma-travão for reprovada em plenário - como já o foi na comissão de Educação e Ciência - o partido votará contra o diploma dos professores.
O tempo de reação de Rui Rio - que só no domingo comentou a votação na comissão - foi justificado com uma estratégia para 'deixar assentar a poeira' que pairava sobre a política portuguesa no final da última semana. "O dr. Rui Rio não é corredor de velocidade em competições mediáticas, embora goste de automóveis", explicou o líder dos social-democratas, procurando afastar qualquer problema relacionado com a demora na tomada de posição.
O regresso da "orgia financeira"
"A crise política é feita pelo primeiro-ministro", atirou Rio dirigindo-se a António Costa, que esta segunda-feira garantiu não ter procurado criar qualquer crise, mas sim evitá-la.
"O primeiro-ministro diz que se demite, atira a toalha ao chão e cria esta instabilidade porque isto pode criar, mais tarde, um desequilíbrio orçamental brutal... e o PS vota contra a norma que evita isso", apontou Rio, classificando esta situação como uma contradição por parte de António Costa e recuperando uma expressão que o próprio celebrizou: a da orgia financeira.
"Faz este espetáculo todo porque isto pode originar uma orgia financeira. E nós estamos em desacordo porque queremos lá colocar uma norma para não dar em orgia financeira", notou.
Ainda na página financeira, Rio refutou os valores avançados por Centeno e Costa, que indicaram um custo de mais de 800 milhões de euros associado à recuperação das carreiras. Esse valor significa "o que nunca aconteceria: tudo a todos e já".
A "manha" de Centeno reside, segundo Rio, em vários pontos: no facto de que "mesmo que fosse 800 milhões, líquidos para o Estados eram 480, porque pagam IRS e Caixa Geral de Aposentações" ena contabilização, que Rio diz ser errada, de 2019 e 2020 como "anos cruzeiro". Ainda assim, explica Rio, "é impossível fazer as contas".
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