"Como é que se faz uma campanha de maneira diferente?", perguntou o candidato à presidência da República, num debate sobre cultura em que defendeu um "presidente de causas" que "infelizmente não temos tido"
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António Sampaio da Nóvoa diz que a questão é feita diariamente aos que com ele trabalham na campanha rumo à presidenciais: "Como é que se faz uma campanha de maneira diferente?". À pergunta, segue-se a resposta que o candidato não quer ouvir: "Tu não vais escapar aos outdoors". Sampaio da Nóvoa responde: "Não me ponham num outdoor, não quero ver a minha cara num outdoor".
A confissão foi feita esta segunda-feira, no Lisboa Comedy Clube, perante uma plateia de artistas e figuras ligadas à cultura, onde o candidato à presidência da República fez questão de manifestar-se incomodado com algum tipo de meios utilizados para chegar a casa dos eleitores.
Admitiu, no entanto, que tal pode vir a acontecer: "Se for, que nesses outdoors esteja cultura. Se servir para valorizar os nossos escritores, se for em cima de um outro património qualquer, então se calhar vamos ter de ir".
Durante o debate, após uma pergunta vinda da plateia, acerca da forma como o candidato pretende colocar a questão dos jovens numa agenda presidencial permanente, Sampaio da Nóvoa garantiu que a sua candidatura terá como base a "proximidade" das pessoas e "ouvir" os portugueses.
Deixou, a propósito, um aviso aos apoiantes da candidatura: "O circuito de ouvir pessoas improváveis e jovens improváveis vais ser um dos temas desta candidatura e, em grande parte, vai ser aqui que ela se vai ganhar ou se vai perder".
"Se chegarmos a um conjunto de pessoas que estão muito afastadas da política e conseguirmos criar essa outra dinâmica, nós conseguiremos criar um movimento interessante. Senão vamos ficar nos mesmos de sempre e não conseguiremos dar esse outro salto que espero que a candidatura possa trazer", acrescentou.
Sampaio da Nóvoa lançou ainda algumas farpas ao que considera ser o mandato "ausente" de Cavaco Silva, no que diz respeito a algumas "causas", considerando que o lugar de chefe de estado deve aproveitar as regras constitucionais para trabalhar noutros campos.
"A Constituição tem uma grande vantagem, que é libertar o presidente da República das tarefas governamentais. Ao libertar o presidente, pode libertá-lo para um conjunto de causas que infelizmente não temos tido. É como se o presidente precisasse de alargar o seu repertório".
"O presidente da República de Portugal, pela história deste país, pela importância da língua, peça nossa relação em muitos continentes, pela nossa possibilidade de muitos diálogos, devia ter um compromisso e uma presença nas grandes causas internacionais que infelizmente não tem tido", insistiu.