Santos Silva dá aula sobre como combater populismos: "Cuidar do próprio eleitorado e dos mais vulneráveis"
Durante a entrevista de António Costa, Santos Silva pedia aos deputados do PS respostas para os "mais vulneráveis", que estão à mercê dos populismos.
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De fato e gravata, como presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva voltou aos tempos de professor, e deu uma aula sobre como combater a extrema-direita. Num jantar com deputados do PS, durante as jornadas parlamentares do partido, a segunda figura do Estado pediu aos socialistas que "não se esqueçam" do próprio eleitorado e tenham atenção às "presas fáceis" dos populistas.
Santos Silva começou por dar o próprio exemplo, como líder do Parlamento, explicando que "é preciso respeitar o debate político, vivo e franco", desde que não se ultrapassem limites constitucionais.
"É o que faço. Assegurar que o debate político vivo, se faz com o respeito pelos valores democráticos. Se algum deputado não compreender isso, o tempo se encarregará de fazer com que ela ou ele o compreende", atirou, numa mensagem implícita para André Ventura, que levou ao aplauso dos socialistas.
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No entanto, é preciso cuidar do próprio eleitorado, que defende "um país inclusivo, democrático e livre", sem "excluir ninguém", e com apelos para que os mais vulneráveis, que são "presas fáceis" para a oposição, tenham resposta do Governo.
"Temos de ter a plena convicção das dificuldades por que passa um número relevante de portugueses, e encontrando as respostas certas, que não são as respostas populistas, para as angústias e para os problemas que essas pessoas sentem e que não podemos ignorar", disse.
Santos Silva acrescenta que se o PS quer esperar pela direita, para implementar medidas e dar resposta ao populismo, "bem pode esperar sentado".
"Nós temos que fazer esse combate. Quem olhe para o que se passou na Suécia e para o que se está a passar na Itália, sabe que só a esquerda democrática consegue fazer esse debate. Quem ficar à espera da direita para combater os populismos e os extremismos, bem pode esperar sentado", apelou.
E, para terminar, um último conselho: "Não percamos tempo com aquilo que não merece que nós ocupemos o nosso tempo".
O PS não precisa "de se preocupar com a oposição", acrescenta Santos Silva, porque há uma maioria absoluta que suporta o Governo. A única preocupação deve ser "a atividade governativa e parlamentar", como indicaram os portugueses nas eleições legislativas, a 30 de janeiro.