Governo está a "trabalhar" com inflação de 7,4%, mas rejeita aumentos nessa proporção
António Costa garante que os pensionistas não serão prejudicados em relação aos outros portugueses.
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O primeiro-ministro, António Costa, reitera que não existe "truque" nos apoios aos pensionistas, como tem sido acusado pelos partidos da oposição.
"Não há truque nenhum. Nós temos um suplemento extraordinário que pagamos em outubro e ponto final. Apresentámos à Assembleia da República uma lei para fixar o aumento das pensões em 2023 entre o máximo de 4,3% e o mínimo de 5,3%", refere o primeiro-ministro em entrevista à TVI e à CNN Portugal.
António Costa complementa que se houvesse algum truque, o Governo "teria aumentado em outubro e não teria dito nada sobre as pensões de 2023".
Questionado sobre se os pensionistas serão prejudicados em relação aos restantes portugueses, o primeiro-ministro diz que "não há nenhuma pensão onde o valor deste suplemento seja inferior aos 125 euros".
"Entre o suplemento extraordinário e o montante que apresentámos à AR que seja o aumento do próximo ano, garantimos que até ao final de 2023, os pensionistas recuperarão o poder de compra face à inflação de 2024", garante o primeiro-ministro.
António Costa lembra as palavras do anúncio: "Todos os pensionistas terão até ao final de 2023 um rendimento idêntico ao que seria a aplicação da fórmula legal. Os pensionistas verão reposto a perda de poder de compra perdida ao longo do ano."
"Este é um ano absolutamente atípico. Temos de dar hoje aos pensionistas um apoio ao seu rendimento para fazerem face à inflação, mas temos que evitar que este ano atípico se torne permanente, porque seria pôr em causa a sustentabilidade da Segurança Social", explica António Costa.
O primeiro-ministro voltou a reiterar que, caso fosse cumprida a atual lei, isso custaria "treze anos de pensões".
O líder do Executivo adiantou ainda que no próximo Conselho de Ministros serão aprovadas as medidas de apoio às empresas: "Não vale a pena fechar ou antecipar medidas, não vale a pena dar incentivos errados."
O primeiro-ministro assume que acredita que a inflação "será superior a 6%" e afirma que o Governo está "a trabalhar em 7,4%". No entanto, "os funcionários públicos não vão ser aumentados em 7,4%".
"O combate contra a inflação é dos mais difíceis. É sempre muito difícil encontrar um equilíbrio em que os rendimentos aumentam o suficiente para as pessoas possam combater a subida dos preços, mas não aumentem demasiado para não entrarmos numa espiral inflacionista", argumenta António Costa.
O chefe de Governo indica que "o referencial que se deve ter é chegar o mais rapidamente possível ao objetivo a longo prazo" que, neste caso, "são os 2%".
Além do valor da inflação, o primeiro-ministro refere ainda a produtividade e o compromisso para que, ao longo da legislatura, os salários tenham um peso no PIB correspondente à média da União Europeia.
Sobre uma possível descida do IRS para a classe média, António Costa atira para o dia 10 de outubro, quando for apresentado o Orçamento do Estado para 2023: "Lá teremos tempo."
Relativamente aos 125 euros, António Costa explica que o objetivo é dar liberdade às famílias para gerirem o apoio, refutando a proposta do PSD de um vale alimentar.
"Temos de analisar bem se há ou não há lucros extraordinários e se esses lucros já não estão a ser tributados", refere o primeiro-ministro. "Estamos a analisar a situação. Se se justificar, haverá medidas", completa.