Sargentos e oficiais pedem a Marcelo que pressione Governo a melhorar condições nas Forças Armadas
Em declarações à TSF, o presidente da Associação Nacional de Sargentos defende que o chefe de Estado não tem feito o suficiente: "Era importante que o fizesse mais vezes e com mais acutilância."
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Embora agradeça as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, a Associação Nacional de Sargentos pede ao Presidente da República que seja mais acutilante e pressione mais o Governo no sentido de melhorar as condições dos militares das Forças Armadas. Esta terça-feira, Marcelo alertou que as promessas políticas nesse estão a tardar em concretizar-se e que aos militares não bastam a admiração, louvor e reconhecimento "por palavras".
"São importantes, mas não o são menos o reconhecimento, a admiração e o louvor pelos factos", avisou o Chefe de Estado quando discursava na cerimónia de entrega das espadas aos 39 novos oficiais do Exército, na Academia Militar, destacamento da Amadora, em Lisboa, acrescentando também que "às vezes, têm demorado demais a passar de promessas ou expectativas, a realidade".
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A mensagem, reconhece o presidente da Associação Nacional de Sargentos, é importante, mas não é nova. "Temos memória e já o ouvimos dizer uma coisa semelhante quando promulgou o vencimento dos juízes há uns anos", nota António Lima Coelho na TSF.
Com o passar dos anos, "as dificuldades vão-se agravando e o facto é que os militares, há mais de 12 anos, não veem a remuneração devidamente atualizada", pelo que Lima Coelho lembra ao Presidente da República que este tem "poderes e capacidade, embora não legislativa, que poderão levar os sucessivos governos a iniciar o que devem fazer".
Questionado sobre se Marcelo Rebelo de Sousa tem feito o necessário, Lima Coelho responde: "Não o suficiente e era importante que o fizesse mais vezes e com mais acutilância."
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E num momento em que o governo negoceia aumentos salariais para os trabalhadores da função pública, o líder da associação de sargentos espera que os aumentos previstos também possam chegar às Forças Armadas. Para já, elenca as dúvidas que tem: "Relativamente aos militares, em que é que vai ficar? Quem é que negociou isso para os militares? Entre os militares serão também aumentos diferenciados? Vamos trazer mais diferenciação?"
Pela Associação dos Oficiais das Forças Armadas, o presidente António Costa Mota diz rever-se no quadro traçado por Marcelo Rebelo de Sousa por coincidir com os alertas que têm sido feitos há mais de uma década e acredita que o chefe de Estado acaba por assumir "vergonha" pelas condições dos militares.
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"Temos ficado de tal forma para trás ao longo dos anos, em termos de reconhecimentos vários, não só em termos remuneratórios, mas também em termos de assistência na doença e assistência social", que Marcelo, aponta na TSF, "tem vindo, quase por vergonha, a referir que os militares têm sido muitíssimo mal tratados e que é tempo de os reconhecer".