Depois do susto desta noite, o diretor do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes em Aeronaves reitera à TSF que não há condições para prevenir e investigar grandes acidentes em Portugal.
Corpo do artigo
Na noite de sábado rebentou um pneu na aterragem de um avião da TAP Express. O aeroporto Humberto Delgado chegou a fechar, mas reabriu cerca das 05h00. Não houve feridos e a pista secundária do aeroporto chegou a estar aberta durante a noite para permitir operações de descolagem.
No entanto, em entrevista à TSF, o diretor do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes em Aeronaves (GPIAA) diz que este é um bom exemplo de como as coisas não estão a funcionar bem por falta de condições.
"Se fosse uma situação mais grave, garanto que a pista poderia ficar fechada vários dias. O GPIAA não tem condições, não tem meios, não tem capacidade e não vale a pena querermos imputar essa capacidade a outras entidades porque eles não iam resolver o problema. Felizmente em poucas horas resolveu-se o problema, mas se fosse mais grave teríamos o primeiro aeroporto de Portugal fechado vários dias por falta de condições de investigação", denuncia Álvaro Neves.
O diretor do GPIAA já tinha alertado para a possibilidade de acontecerem situações desta natureza. A semana passada, em declarações à TSF, Álvaro Neves descrevia o GPIAA como um gabinete "estrangulado por um garrote até à inoperacionalidade". Nessa altura, o Governo respondeu e disse que estava tudo bem e que não havia qualquer problema com as infraestruturas aeroportuárias.
Causas do incidente de sábado
Sobre o incidente desta noite, Álvaro Neves explica à TSF que "num primeiro toque, o avião bate com o trem principal, impulsionado pela descendente do vento. A seguir há um salto, o avião volta a bater com trem principal e depois bate com o trem do nariz. A questão do furo do pneu quase considero irrelevante porque o que aconteceu é que as rodas saíram fora do trem do nariz e ficou só a perna do trem".
O diretor do GPIAA destaca ainda que as condições meteorológicas de ontem à noite, com vento e chuva fortes, que resultaram "numa aterragem muito difícil e em condições muito adversas".
Álvaro Neves indicou ainda à TSF que "foi destacado um investigador para o local, que saiu do aeroporto de Lisboa pelas 03h00. Neste momento, temos as caixas em nossa posse para começar a avaliar os dados de voo".