"Secos e molhados": 33 anos depois, polícias alertam para "reveses" nos direitos conquistados
Horários de trabalho desregulados, falta de compensação sobre o trabalho suplementar e má gestão do efetivo são algumas das queixas da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia.
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Mais de três décadas após a manifestação conhecida como "secos e molhados" foram muitos os direitos conquistados pelos polícias, mas os sindicatos da PSP queixam-se que muitas questões continuam por resolver.
Em declarações à TSF, o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), Paulo Santos, afirma que "os desígnios que foram apontados em 1989 não foram cumpridos".
Em 2022, aponta, assiste-se a "alguns reveses" face às conquistas alcançadas, como a "desregulação dos horários de trabalho; a falta de uma organização do trabalho que faça com que haja uma compensação efetiva sobre o trabalho suplementar; a má gestão de efetivo que provoca uma sobrecarga de trabalho nos polícias; a própria política de gestão interna; o envelhecimento da instituição; a fraca atratividade" da profissão.
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O presidente do maior sindicato da PSP dirige, em particular, críticas duras ao diretor nacional da PSP. A liderança de Magina da Silva aparenta ser forte na comunicação, mas "em termos de gestão interna dos recursos e do efetivo não é isso que está a acontecer".
Paulo Santos acusa ainda Magina da Silva de abordar "de forma leviana" ou "secundarizar" os problemas identificados e de não responder aos requerimentos dos polícias.
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A ASPP/PSP espera, por isso, que "o Governo exerça a sua ação política" e exija a intervenção do ministro da Administração Interna. "A direção nacional da PSP tem sido apetrechada de competências que a tornam quase como legislador e é isso nós não pretendemos porque não consideramos que esteja à altura dessa responsabilidade.
Assinalam-se esta quinta-feira 33 anos da carga policial sobre elementos da PSP conhecida por "secos e molhados". A 21 de abril de 1989, os polícias manifestaram-se para exigir sobretudo liberdade sindical, uma folga semanal, transparência na justiça disciplinar com direito de defesa, melhores vencimentos e instalações.
O protesto acabou com confrontos com o Corpo de Intervenção da Polícia de Segurança Pública a lançar jatos de água e a usar bastões para dispersar os polícias que se manifestavam na praça do Comércio, enquanto os seis agentes da delegação que estava dentro do Ministério da Administração Interna para entregar um caderno reivindicativo acabaram detidos.
A ASSP vai comemorar a data com um protesto em Lisboa junto à direção nacional da Polícia de Segurança Pública para reclamar da forma como o diretor nacional, Magina da Silva, tem gerido os destinos da instituição.
O Sindicato dos Profissionais de Polícia (SPP/PSP) vai também assinalar os 33 anos dos "secos e molhados" com uma concentração de dirigentes sindicais na praça do Comércio, em Lisboa, e entrega um caderno reivindicativo no Ministério da Administração Interna.