O secretário de Estado dos Transportes alertou, no Fórum TSF, que o futuro seria igual a um dia de greve nos transportes se o Governo não tentasse salvar as empresas do sector.
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«Hoje os portugueses estão a viver aquilo que seria o seu dia-a-dia caso o Governo não estivesse determinado em implementar a reforma que está a prosseguir» no sector dos transportes, porque é um «serviço público que está em causa», bem como a mobilidade dos cidadãos, advertiu.
Sérgio Monteiro frisou que é «não por culpa dos trabalhadores nem por culpa das administrações, em certa medida, mas sim por culpa das decisões politicas que foram tomadas no passado» que as empresas dos transportes públicos chegaram a esta situação.
«Dos cerca de 17 mil milhões de euros de dívida, apenas um terço cobre investimentos», alertou, acrescentando que «esse valor de investimento deveria ter sido coberto pelo Estado através do Orçamento do Estado, de acordo com aquilo que está na lei de bases dos transportes terrestres».
«Ao ter colocado a dívida no balanço destas empresas e gerado encargo com essa dívida», criou-se a actual «insustentabilidade financeira» no sector, que obriga a «rever práticas que têm décadas», acrescentou.
Sérgio Monteiro reafirmou as intenções do Governo na reestruturação dos transportes públicos e garantiu que não pretendia ameaçar os trabalhadores do sector quando, segunda-feira, disse que a greve podia deixar em pior estado financeiro as empresas e punha em causa os postos de trabalho.
O secretário de Estado recusou-se a entrar na habitual guerra de números com os sindicatos sobre a adesão à greve, explicando que não há qualquer leitura política a fazer quando os trabalhadores estão a usar um direito que têm, o direito à paralisação.
«O Governo está focado num objectivo: tornar sustentável estas empresas e salvar os postos de trabalho», frisou.
Sérgio Monteiro disse ainda que «alguns membros de sindicatos» entendem que se trata de uma estratégia dizer que algumas empresas de transportes públicos estão à beira da falência, mas quando o Executivo diz isso está a falar «olhos nos olhos». «É de facto a sobrevivência das empresas que está em causa», sublinhou.
Sérgio Monteiro afirmou ainda que os sindicatos foram recebidos pela tutela sempre que o solicitaram e sublinhou que o Governo vai continuar com esta postura desde que as conversas tenham como «pano de fundo» «assegurar a sustentabilidade» das empresas do sector.