Segredo está no tipo de pólvora: como se diminui o barulho do fogo de artifício?
Em declarações à TSF, o antigo presidente da Associação Portuguesa dos Industriais de Pirotecnia e Explosivos, António Rodrigues, explica que "a composição pirotécnica é desenhada e projetada para ser só com emissão de luz e efeitos luminosos e não se adiciona composições que, na sua génese, são para emissão de som"
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O fogo de artifício em Quarteira, no Algarve, será, este ano, menos barulhento para proteger os animais que tendem a ficar assustados com o som dos foguetes. Mas como é que se diminui o barulho do fogo de artifício? Em declarações à TSF, o antigo presidente da Associação Portuguesa dos Industriais de Pirotecnia e Explosivos, António Rodrigues, explica que se trata de um tipo de pólvora que emite menos ruído, mas a diferença relativamente ao fogo de artifício tradicional não é muita.
"Basicamente não há grande diferença. O fogo de artifício, além de emissão de luz, também tem emissão de som, mas pode ser reduzido. Assim como há fogos sem luz, normalmente fogos diurnos, também se pode reduzir o som ao mínimo. Não quer dizer que não tenham som, há sempre alguns ruídos, mas são menores. A composição pirotécnica é desenhada e projetada para ser só com emissão de luz e efeitos luminosos e não se adiciona composições que, na sua génese, são para emissão de som", explica à TSF António Rodrigues.
O antigo presidente da Associação Portuguesa dos Industriais de Pirotecnia e Explosivos garante que a indústria portuguesa está preparada há bastante tempo para este tipo de fogo de artifício, mas os portugueses preferem o som aliado às luzes.
"Em Portugal, o fogo de artifício sempre luz e som, nomeadamente nas festas de passagem de ano. As pessoas gostam. Sendo projetado para não ter som, ele não tem som. É como o fogo de artifício, por exemplo, para utilizar no interior de edifícios, cada vez se vê mais em espetáculos. Tem muito pouco ou quase nenhum som, é opção do cliente. A indústria está preparada para fazer sem som, mas nem sempre optam por isso", sublinha.
O presidente da câmara de Loulé, Vítor Aleixo, adianta, em declarações à TSF, que esta é uma decisão a pensar nos animais, após uma proposta do PAN.
"Isto é o culminar de uma cultura política latente na Câmara Municipal, há muitos anos, de respeitar os direitos dos animais e criar com os animais uma nova relação. Se sabemos que este período é sempre um período crítico, gerador de muito stress e angústia, quer para os animais, quer para os donos dos animais, e tendo em conta que a própria Assembleia Municipal de Loulé, por proposta do PAN, aprovou em 2022 por unanimidade, uma proposta que pedia exatamente isto, estão criadas as condições para que este ano e daqui para frente os fogos de artifício se revistam de uma nova característica", explica à TSF Vítor Aleixo.
A Animal Rescue Algarve (ARA), um abrigo de animais em Loulé, recebeu esta notícia com muita felicidade. Também ouvido pela TSF, João Ferreira, gerente do abrigo, espera que, daqui para a frente, o fogo de artifício continue menos barulhento e que a medida se alargue a outros locais do país.
"É um grande avanço, é uma excelente ideia. Creio que todas as pessoas conectadas com animais estão bastante gratas por esta decisão. Acho que é de louvar e acho que é um exemplo a seguir por outros municípios, sem dúvida. Sem dúvida que o impacto será muito diferente nos animais", acrescenta.
A ARA assegura que todos os animais são afetados pela pirotecnia, desde os peixes aos pássaros. João Ferreira lembra que o número de animais domésticos que desaparecem nos dias seguintes ao lançamento de fogos de artifício tende sempre a aumentar.