António José Seguro, depois da reunião de hoje com o primeiro-ministro, reafirmou que é da responsabilidade do Governo e da troika resolver o problema.
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O secretário-geral do PS recusou hoje assumir responsabilidades na execução dos cortes de quatro mil milhões de euros nas funções do Estado, dizendo que esse objetivo para 2013 e 2014 vincula apenas o Governo e a troika.
António José Seguro falava aos jornalistas depois de ter estado quase duas horas reunido com o primeiro-ministro, em São Bento, reunião que se realizou a pedido de Passos Coelho, depois de o Governo ter colocado como objetivo uma refundação do programa de ajustamento de Portugal.
«O primeiro-ministro propôs que houvesse um debate sobre o modo de cortar quatro mil milhões de euros na despesa. Essa é uma responsabilidade de quem negociou essa obrigação, o Governo e a troika, durante a quinta atualização» do Programa Económico e Financeira de Portugal, salientou o secretário-geral do PS.
De acordo com Seguro, «deve ser o Governo e a troika a encontrarem a resposta para o problema que eles próprios criaram e negociaram».
Nas declarações que fez aos jornalistas, o líder socialista salientou que o diálogo institucional «é um pilar da democracia», razão pela qual se deslocou a São Bento para ouvir o que o primeiro-ministro «tinha para transmitir».
«Vim também transmitir as posições do PS, que são do conhecimento público. Em qualquer circunstância, não aceitaremos um ataque ao Estado social ou uma revisão constitucional que coloque em causa as funções sociais do Estado», advertiu o líder socialista.
Interrogado se há alguma hipótese de entendimento com o PS sobre a ideia de refundar o memorando com a troika, António José Seguro respondeu que «essa questão não foi colocada em cima da mesa».
O secretário-geral do PS defendeu ainda que, se Portugal for alvo de um segundo resgate financeiro, a responsabilidade será da política do Governo e advertiu que os socialistas têm «linhas vermelhas» que nunca vão ultrapassar.
Questionado sobre até que ponto está o PS disponível para evitar que Portugal seja alvo de um segundo resgate financeiro, António José Seguro respondeu que se houver a necessidade de um segundo resgate «quer dizer que a política do atual Governo falhou e, em primeiro lugar, deve ser o atual Governo a assumir essa responsabilidade».
«O PS está disponível para ajudar a salvar o país, sempre esteve. Mas, para isso, é preciso mudanças concretas políticas, substituindo-se a política de austeridade por políticas que promovam o crescimento económico e o emprego», especificou.