"É impossível continuar assim", o desabafo é de Márcio Vargas, o único afinador de pianos dos Açores, que se prepara para deixar a Região Autónoma para ir viver para o Continente.
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Acusa o governo regional de falta de investimento na cultura e de descurar a educação. Quase sem concertos de piano na agenda cultural e com a maioria das escolas de música a afinarem os pianos apenas no início do ano letivo, Márcio Vargas diz que não consegue continuar a trabalhar nos Açores e acusa o governo regional de desinvestir na cultura.
"Não há concertos ou os que existam são muito poucos, as escolas de música na maioria só afinam os pianos no inicio do ano letivo, em setembro, não há dinheiro para mais e isto não funciona, é mau para todos. Não há qualquer interesse do governo regional dos Açores, nomeadamente da secretaria regional da educação, em resolver esta questão."
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Márcio Vargas é um dos oito afinadores de piano credenciados em Portugal. Há 15 anos que exerce esta profissão. Já alertou o governo regional para estes problemas, mas diz que nunca teve resposta.
"Fiz várias propostas ao longo dos anos e nunca houve interesse em analisar a situação. A última resposta que tive foi que podia considerar-me um privilegiado. Eu achava que existir um afinador na região é que era um privilégio, mas afinal parece que é contrário. Solicitei uma reunião à diretora regional de educação há um ano e continuo à espera de resposta", referiu.
Nasceu na Ilha do Faial, onde vive, mas agora vai mudar-se para a cidade de Viseu. "Nos distritos próximos existem poucos afinadores, pelo menos credenciados não sei se existe algum, e é uma área onde posso ser mais solicitado em termos particulares e profissionais."
Em 2006, Márcio Vargas ganhou uma bolsa de estudo atribuída pela direção regional de cultura, que usou para iniciar a formação como afinador de pianos. Com especialização em pianos verticais e de cauda já trabalhou na Alemanha, Bélgica e Espanha. Márcio Vargas partilha um desabafo: "É impossível continuar assim, não há interesse portanto tenho que ir embora."