Sérgio Janeiro de saída do INEM? Ministra já terá substituto, sindicato questiona Governo sobre "gastar dinheiro em experiências ineficazes"
Luís Cabral, antigo secretário regional da Saúde dos Açores (entre 2012 e 2016), será a escolha da ministra da Saúde. Decisão já está a ser contestada e o líder sindical Rui Lázaro admite, na TSF, que "no caso mais grave" os técnicos poderão fazer nova greve
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Há mudanças à vista na presidência do INEM. O jornal Público conta que a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, esteve reunida na quinta-feira à noite com Sérgio Janeiro, (atual) presidente do INEM, para formalizar a sua saída do cargo. No encontro esteve também Alexandra Ferreira, vogal do Instituto Nacional de Emergência Médica, que deverá assumir a presidência interina, mas por poucos dias.
No início de novembro, o INEM passará a ser liderado por Luís Cabral, antigo secretário regional da Saúde dos Açores (entre 2012 e 2016). É uma escolha da governante, mas já está a ser contestada.
O jornal Público refere que o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) escreveu ao primeiro-ministro para pedir a Luís Montenegro que "reavalie" a nomeação de Luís Cabral para presidente do instituto, invocando "muitas e legítimas preocupações" por parte dos profissionais do sector em relação ao médico.
"Em causa estão as conclusões de uma auditoria de 2024 do Tribunal de Contas que aponta várias fragilidades ao sistema de emergência médica dos Açores, algumas das quais semelhantes às do INEM, e que têm sido reportadas em auditorias da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde e da Inspeção-Geral das Finanças", lê-se no mesmo artigo. Entre as fragilidades estão, por exemplo, falhas nos tempos de resposta às situações mais graves, apresentando tempos médios de quase nove minutos, o que não cumpre os padrões internacionais nem as metas internas do serviço.
Já em resposta à TSF, o Ministério da Saúde esclarece apenas que "não houve uma demissão do presidente do INEM. Na sequência de um concurso aberto pela CReSAP, com vista ao recrutamento e seleção do presidente do INEM, foi escolhido um dos três candidatos validados durante este procedimento".
Sérgio Janeiro, Nélson Pereira e Luís Cabral são os três nomes validados pela CReSAP e uma fonte do Ministério da Saúde disse apenas, por sua vez, à Lusa que Sérgio Janeiro não será o próximo presidente do INEM.
Durante a manhã desta sexta-feira e após estas informações serem públicas, Ana Paula Martins confirmou aos jornalistas a saída, "sem problemas", de Sérgio Janeiro da presidência do INEM: "Esperamos continuar a contar com o doutor Sérgio Janeiro para outros projetos dentro da Saúde." Contudo, não confirmou o nome de Luís Cabral: "Vamos anunciar na altura própria, muito em breve, com o despacho de nomeação."
"Eu não sei se o Governo tem dinheiro que sobra para andar com experiências que se provam ineficazes"
A TSF falou com Rui Lázaro, o presidente daquele sindicato, que confirma que já pediu a intervenção do primeiro-ministro para que não se concretize esta mudança no INEM. Luís Cabral "é defensor de um modelo que apresenta maus resultados e é o Tribunal de Contas que o diz (...) Eu não sei se o Governo tem dinheiro que sobra para andar com experiências que se provam ineficazes".
Ainda não houve resposta a esta carta, adianta.
Rui Lázaro elogia ainda o trabalho feito por Sérgio Janeiro - "que já tem resultados positivos", por exemplo, "os tempos de resposta para o atendimento de chamadas estão a melhorar" - e defende que ele devia continuar no cargo por uma questão de "estabilidade".
O sindicato não quer ver Luís Cabral na presidência do INEM e critica os moldes que o médico seguiu nos Açores.
Caso a ministra da Saúde confirme Luís Cabral para a presidência do INEM, o líder sindical receia que haja consequências para os trabalhadores, mas garante que não vão baixar os braços e os protestos "podem ir no caso mais grave à greve".
Notícia atualizada às 13h13 com as declarações da ministra da Saúde aos jornalistas
