Sete meses depois de chegar aos Açores, bispo de Angra sobe ao ponto mais alto do país com jovens da região
Em entrevista à TSF, Armando Esteves Domingues revela o que vai acontecer esta madrugada no Pico e faz um balanço de sete meses na liderança da diocese.
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A caminho da Jornada Mundial da Juventude, 94 jovens açorianos sobem esta noite ao ponto mais alto do país, a montanha do Pico, na Ilha do Pico. É a 2351 metros de altitude, com o nascer do sol como pano de fundo, que vai acontecer uma missa de envio na qual vão estar presentes jovens de seis ilhas da região autónoma dos Açores.
O momento vai ser presidido pelo bispo de Angra. Em entrevista à TSF, Armando Esteves Domingues recorda como nasceu a ideia e antecipa as dificuldades que se esperam numa caminhada que inclui quatro horas de subida mais quatro horas de descida. "De certa forma, fui eu que lancei este veneno", conta. A ideia surgiu depois de um encontro com jovens da ilha.
"É preciso vencer as barreiras. É preciso subir. É mesmo essas dificuldades que quero. É o ponto mais alto. Como diz o poeta, é o cais do céu. Quem me pergunta se estou preparado digo que psicologicamente estou. Fisicamente logo se vê", confessa o bispo.
No ponto mais alto do país, os jovens não vão esquecer as palavras do Papa Francisco que, na encíclica Laudato Si, alertou para os perigos que o meio ambiente enfrenta. O grupo de jovens vai assinar o pacto da montanha. "Que sejamos um só a olhar o mundo e a humanidade e que colaboremos nesta única humanidade para preservar, dignificar e tornar mais bela a criação onde nós vivemos", afirma.
Sete meses na liderança da diocese
O Papa Francisco anunciou em junho a nomeação de Armando Esteves Domingues para a diocese. O trabalho começou oficialmente em janeiro. Pouco depois de ter assumido esse papel, o bispo teve de lidar com o impacto do relatório da comissão independente que investigou os abusos sexuais na Igreja Católica.
Em março, dois padres foram afastados temporariamente. O bispo reconhece que foi um momento difícil e garante que a diocese continua atenta. "Deixou-me humanamente de rastos. Pensar nestas vítimas sempre inocentes, até na perceção das coisas e uma sociedade também a querer ser inocente e cega na aceitação da realidade que é a monstruosidade dos abusos dentro e fora da Igreja. Mas dentro da Igreja é ainda pior."
"Houve denúncias. Os processos também ainda estão a decorrer, tanto os do Ministério Público como os que a própria diocese fez. Há que comprovar. Os processos estão em Roma, estão a seguir o seu caminho. Gostaríamos que isto terminasse o quanto antes", admite Armando Esteves Domingues. Se aparecer alguma denúncia, a "diocese estará sempre atenta porque decretamos a tolerância zero".
Futuro cardeal patriarca?
O nome do novo cardeal patriarca de Lisboa deve ser conhecido pouco depois do fim da JMJ. Em entrevista à TSF, o bispo de Angra, que até então era bispo auxiliar do Porto, defende que não deve haver grande especulação, até porque já ficou evidente que as escolhas do Papa Francisco podem ser imprevisíveis. O bispo de Angra sentiu-o na primeira pessoa. "Eu não tenho nenhum nome favorito. Também ouvi o meu nome ir para Viana do Castelo, Setúbal, Bragança. Ainda bem que assim as decisões do Papa são imprevisíveis. É aí que eu acredito que o espírito santo me enviou para os Açores. E estou felicíssimo por ter vindo. Espero que quem venha para Lisboa também fique felicíssimo."