Sindicato Independente dos Médicos e Federação Nacional do Médicos queixam-se de ter saído com muito pouco da reunião com a ministra da Saúde.
Corpo do artigo
O Sindicato Independente dos Médicos e a Federação Nacional do Médicos queixam-se de ter saído com muito pouco da reunião desta segunda-feira com a ministra da Saúde. Consideram que a falta de médicos é um problema estrutural e estavam à espera que Marta Temido apresentasse propostas concretas para a resolução do problema, que não apareceram.
"Nunca se pagou tantos impostos como agora e nunca se investiu tão pouco no Serviço Nacional de Saúde. Valeu pelo facto de a ministra reconhecer que existe um problema. Temos aqui uma anestesista que poderá depois expressar um pouco do que é o seu trabalho, garantir escalas que são impossível de assegurar e dizer que nos próximos meses, semanas e ano a maior parte dos dias não tem cobertura de cirurgia e obstetrícia, mesmo com os prestadores de serviço, que estão a fazer o seu papel. Não haver investimento no SNS e termos chegado onde chegámos nas maternidades tem a ver com questões estruturais", defendeu Jorge Roque da Cunha, presidente do Sindicato Independente dos Médicos.
Para já, os sindicatos não preveem que venha a acontecer uma nova reunião com o Governo ainda esta semana.
14938319
"Não temos perspetiva de que aconteça. Viemos transmitir que é preciso valorizar o profissional médico que está no Serviço Nacional de Saúde, que está a ser desvalorizado em relação a todos os outros. O médico do SNS é essencial para manter a democraticidade do cuidado de saúdem em Portugal", acrescentou Manuel Carrilho, Federação Nacional do Médicos.
A ministra da Saúde, Marta Temido, começou ao início da tarde as reuniões com os sindicatos e a Ordem dos Médicos, na sequência do encerramento das urgências de ginecologia e obstetrícia em alguns hospitais na região de Lisboa.
Na sexta-feira, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo alertou para constrangimentos no funcionamento dos serviços de obstetrícia e ginecologia, até esta segunda-feira, em vários hospitais na região de Lisboa.
Nesse dia, foi noticiado o caso de uma grávida que perdeu o bebé alegadamente por falta de obstetras no hospital das Caldas da Rainha, o que levou o Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Oeste a abrir um inquérito e a participar a situação à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS).
Questionado na altura pela agência Lusa sobre o caso, o Ministério da Saúde admitiu que houve "constrangimentos na escala de ginecologia obstetrícia, impossíveis de suprir" e que, por isso, a urgência do Centro Hospitalar do Oeste estava "desviada para outros pontos" da rede do Serviço Nacional de Saúde".
"Tendo em vista o apuramento de toda e qualquer responsabilidade", o ministério disse que instaurado um inquérito aos factos pela IGAS, adiantando que os resultados do inquérito serão tornados públicos.
A ARSLVT referiu esta segunda-feira que, até ao final do dia, "haverá períodos em que alguns hospitais estarão a funcionar com limitações, ou seja, a desviar a sua urgência externa de Obstetrícia/Ginecologia para outras unidades da Região, que assegurarão a resposta do SNS [Serviço Nacional de Saúde]".
Entre 10 e 12 de junho foram efetuados 192 partos nas 13 maternidades da região, adianta, apelando "à compreensão dos utentes" e lamentando, desde já, o constrangimento que, apesar de todos os meios disponibilizados, disse não ter sido possível ultrapassar.