Em resposta às denuncias de muitas complicações em vários serviços de urgência, sem meios para responder a tantas visitas por causa da gripe, o Ministério da Saúde admite o aumento da procura mas diz que até agora nenhum hospital deu sinal de rutura.
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Os sindicatos e a Ordem dos Médicos alertam para a rutura dos serviços de urgência dos hospitais. Em causa está o aumento dos casos de gripe que fez disparar a procura, uma situação que também se verifica nos centros de saúde.
Médicos e utentes dizem que as unidades não tem capacidade de resposta por causa dos cortes na área da saúde e que as urgências estão agora como há 20 anos.
Tempos de espera em urgência que podem atingir as 10 horas e macas nos corredores a aguardar cama para internamento são dois dos sinais apontados para descrever a rutura do serviço de urgência.
Os sindicatos dizem que na base deste cenário está a falta de profissionais de saúde associado a um aumento dos caos de gripe que levou mais gente aos hospitais.
Em declarações ao Diário de Notícias, o presidente da Federação dos Médicos denuncia que as equipas são diminutas e que, por isso, os tempos de espera nas urgências são excessivos. Um cenário que segundo Mário Jorge Neves, remete para há 20 anos e que pode agravar-se se continuarem a aumentar os casos de gripe.
Uma opinião partilhada também pelo bastonário da Ordem dos Médicos. José Manuel Silva diz que as equipas a funcionar nas urgências foram encolhidas, funcionam abaixo dos mínimos com o objetivo de cortar na despesa com recursos humanos sejam eles médicos, enfermeiros ou auxiliares.
Ao DN, Margarida Agostinho do Sindicato dos Médicos da Zona Sul diz que a situação de ruptura estende-se também aos centros de saúde porque também aqui tem havido cortes. Além disso, tem-se registado um aumento do número de médicos que pede reformas antecipadas sem que sejam depois substituídos.
Numa ronda feita pelo DN, o Centro Hospitalar do Porto confirma que tem havido uma média de 370 urgências por dia, mais cinquenta o que o habitual. Também o Centro Hospitalar do Algarve reconhece ter tido dias complicados por causa do aumento da procura e pela falta de dois médicos.
Já no Centro Hospitalar da Cova da Beira, o aumento da procura duplicou, atingindo 184 atendimentos por dia. No Amadora-Sintra a média diária de atendimentos na urgência atingiu os 500 utentes o que levou a um reforço da equipa médica.
Um cenário diferente é o do Centro Hospitalar de Gaia que atingiu os 500 atendimentos diários, em termos médios, o que levou à sobrelotação do internamento sem ter havido reforço da equipa medica.
Confrontado pelo Diário de Noticias com estes relatos, o Ministério da Saúde diz que está a acompanhar a situação das urgências e que até agora nenhum hospital deu alerta de ruptura. O ministério admite que na última semana houve de facto um pico de procura por causa da gripe o que originou maiores tempos de espera.