"Situação grave." Marcelo deixa alerta sobre incêndios e faz apelo aos portugueses
Presidente da República pediu aos portugueses cuidados redobrados e alertou que a "sensação de desagravamento" das condições meteorológicas este domingo e na segunda-feira "pode ser ilusória", já que a partir de terça-feira a situação vai piorar.
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, alertou este domingo para a situação "grave" que o país vive em termos de risco de incêndio, numa altura em que se prevê "um agravamento" das condições meteorológicas a partir de terça-feira.
"Temos sobretudo, nos próximos dias, um pico, se quiserem, isto é uma situação muito mais grave do que a que corresponde à situação, já complicada, no período dito de verão", disse Marcelo Rebelo de Sousa numa declaração feita na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, em Carnaxide, Oeiras (Lisboa), depois de participar na reunião do Centro de Coordenação Operacional Nacional (CCON), em que também marcou presença o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, a secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, e o secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas, João Paulo Catarino.
Marcelo explicou que é "possível" dividir o panorama meteorológico em duas fases. Se na primeira, entre este domingo e segunda-feira, "a situação é grave", será ainda pior nos dias seguintes.
O facto de a situação piorar depois "pode dar a sensação de um aparente desagravamento", que "pode ser ilusório" e "levar as pessoas a facilitar na sua reação", alertou o Presidente, frisando que os dados disponíveis "mostram um agravamento".
A partir do dia 12, terça-feira, indicou Marcelo, espera-se "não só um alargamento da extensão de área de risco, como dos fatores de risco". Isto é, as temperaturas podem subir, nomeadamente as máximas, e a humidade, que já é baixa, poderá cair ainda mais. A juntar a isso, é expectável uma "intensidade de ventos", que ainda não se verificam nesta altura.
O Presidente acrescentou que "a mancha abrangida" pelos incêndios neste momento "é uma", na segunda-feira "será mais ou menos a mesma, mas, em princípio, poderá aumentar de forma drástica" a partir de terça-feira, "cobrindo todo o território nacional, menos uma faixazinha no litoral norte".
Face à situação, o chefe de Estado pediu aos portugueses cuidados redobrados evitando comportamentos que aumentam o risco de incêndio.
"Têm de ter a noção que todos estão, à sua maneira, e sobretudo nas áreas abrangidas, no teatro de operações em termos potenciais", sublinhou o chefe de Estado, lembrando que 50% dos incêndios acontecem por negligência.
"A floresta pode ter condições para arder, mas não arderá se não houver negligência", vincou, apelando à população para que não faça fogos nem use máquinas. Isto porque estamos "num período em que os factores naturais concorrem para um risco máximo", reforçou, deixando um apelo aos porrugueses: "é preciso neste momento, perante este pico, fazer tudo para que o saldo final, no termo destes dais, desta semana, seja um saldo que seja o mais positivo possível e não o mais negativo possível. É este esforço que temos todos que fazer".
Um apelo que o Presidente dirigiu também aos responsáveis das autarquias onde estejam marcados eventos ou certames cujas atividades possam propiciar incêndios. Marcelo deu o exemplo de uma competição motorizada numa zona florestal, em que, uma travagem ou derrapagem, pode provocar uma ignição. Esse tipo de eventos, disse, devem ser revistos nesta fase.
Salientando que a "informação hoje é muito melhor" face a 2017 e que é, por isso, possível fazer um "acompanhamento minuto a minuto", Marcelo disse que lhe foi feito um "retrato da situação" que lhe permitiu reforçar as informações que tinha vindo a receber do Governo de que "temos pela frente um período em que há condições, que podem durar mais ou menos", entre três a quatro dias.
O ministro da Administração Interna anunciou no sábado que o Governo decidiu declarar a situação de contingência entre segunda e sexta-feira, permitindo que a Proteção Civil mobilize "todos os meios de que o país dispõe" para combater os incêndios num período em que se preveem temperaturas superiores a 45° em alguns pontos do país.