Situação "muito grave". Isabel Camarinha pede redução de lucros dos bancos e "inversão" de políticas
À TSF, a secretária-geral da CGTP exige um "aumento geral" dos salários e das pensões.
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A secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, pede ao Governo para tomar medidas de forma a ajudar as famílias no pagamento das prestações das casas, em contraponto com os lucros que os bancos têm apresentado este ano.
"Temos assistido a uma coisa que é muito grave: os cinco maiores bancos do nosso país tiveram, no primeiro trimestre deste ano, 900 milhões de euros de lucros, quando estão a fazer incidir sobre as prestações dos empréstimos o aumento das taxas de juro. Então, o Governo não tem de tomar medidas para garantir que não é às famílias que pesa este aumento das taxas de juro e que os bancos lucrem um bocadinho menos e garantam que as pessoas fiquem com casa, em vez de poderem ser postas na rua como pode acontecer", disse Isabel Camarinha à TSF, no final da manifestação contra o aumento do custo de vida.
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A nova subida das taxas de juro anunciada pela presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, é uma preocupação forte da central sindical: "Os trabalhadores já estão confrontados com este custo de vida brutal, com vários aumentos de rendas e prestações dos empréstimos para a compra de habitação. Se vem mais um aumento, naturalmente que isto é dramático para milhares de famílias e o que temos assistido é que o Governo não toma as medidas que deveria tomar."
E, para combater esse aumento do custo de vida, é preciso mudar as opções políticas.
"As opções políticas continuam a ser as mesmas, portanto, as reivindicações mantêm-se. Com a pandemia, com a guerra e as sanções, com a inflação, com o aumento do custo de vida a situação até se agravou. O que já tínhamos de baixos salários, precariedade, horários longos e desregulados e desinvestimento nos serviços públicos acentuou-se. As desigualdades e as injustiças também se acentuaram e os trabalhadores estão cada vez mais a necessitar da inversão destas políticas. E essa inversão exige o aumento geral dos salários de todos os trabalhadores, um aumento significativo dos salários de todos os trabalhadores, o aumento das pensões", considera a secretária-geral da CGTP.
Para Isabel Camarinha, o aumento de 3% para os pensionistas "não é suficiente", até porque "já perderam seis meses".
"Isto já foi um remendo que o Governo fez a um aumento que não foi o que devia ter sido, até pela legislação que estava em vigor na altura, e sabemos todos que foi um engano que tentaram fazer aos reformados e pensionistas que ia prejudicar a vida deles no futuro. Este remendo que fizeram não é suficiente, porque, entretanto, a inflação continuou, o aumento do custo de vida continuou", explica.
Isso leva, segundo a líder sindical, a que "muitos milhares de reformados e pensionistas vivem em situação de grande dificuldade e, tal como os trabalhadores que têm os salários mais baixos, é sobre esses que pesa mais o aumento do custo de vida, porque atinge os bens e serviços essenciais".
E conclui: "Logo, não, precisamos de continuar esta reivindicação, esta exigência, esta luta, porque com a luta nós conseguimos resultados. Aliás, estes processos reivindicativos que têm acontecido ao longo de todo o ano prova-o bem. Trabalhadores que lutaram e conseguiram aumentos de salários. E vamos continuar."
Os trabalhadores saíram esta quarta-feira às ruas de Lisboa e Porto para se manifestarem contra o aumento do custo de vida em Portugal. O protesto foi marcado pela CGTP e leva os manifestantes da capital desde o Cais do Sodré até à Assembleia da República para marcado o dia nacional de luta da central sindical.