A garantia foi deixada pelo ministro da Saúde, Manuel Pizarro.
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Manuel Pizarro afirma, esta sexta-feira, que o Serviço Nacional de Saúde está disponível para acompanhamento psiquiátrico e psicológico das vítimas de abusos sexuais na Igreja Católica. A garantia é do ministro da Saúde, após ter-se reunido, na quinta-feira, com Pedro Strecht, que coordenou a comissão independente.
"O Serviço Nacional de Saúde tem os braços abertos para todos os portugueses que precisam de cuidados de saúde, e, por maioria de razão, também para essas pessoas que foram vítimas de abusos, em relação às quais temos um especial dever de solidariedade, porque percebemos bem o impacto que isso teve na sua vida", disse o ministro da Saúde, em declarações aos jornalistas, no final da cerimónia de abertura do 3.º Encontro da Hospitalização Domiciliária, no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
O governante adiantou ainda que o SNS vai estudar formas de ajuda a vítimas de abusos sexuais na Igreja Católica Portuguesa.
"Foi uma reunião de trabalho que teve como objetivo ouvir o relato das pessoas que fizerem esse extraordinário trabalho de apuramento da realidade e das responsabilidades e procurar ver de que forma o SNS pode ajudar", referiu.
Em fevereiro, a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica - liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht - anunciou a validação de 512 testemunhos de alegados casos de abuso, apontando, por extrapolação, para pelo menos 4815 vítimas. Vinte e cinco casos foram enviados ao Ministério Público, que abriu 15 inquéritos, dos quais nove foram arquivados.
Os testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, o espaço temporal abrangido pelo trabalho da comissão.
No relatório, aquela comissão alertou que os dados recolhidos nos arquivos eclesiásticos sobre a incidência dos abusos sexuais "devem ser entendidos como a 'ponta do iceberg'" deste fenómeno.
A comissão entregou na semana passada aos bispos diocesanos listas de alegados abusadores, alguns ainda no ativo.
Na quarta-feira, a diocese de Angra, nos Açores, e a arquidiocese de Évora, anunciaram a suspensão cautelar de três sacerdotes, enquanto decorrem investigações sobre alegados casos de abuso por eles praticados.