"SNS não pode esperar mais." FNAM quer retomar "de imediato" negociações com Ministério da Saúde
Federação Nacional dos Médicos mantém greve para dias 14 e 15 de novembro e apela à participação.
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"A demissão do Governo não significou que ficámos sem Governo" - é o alerta que a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) deixa, esta sexta-feira, pedindo que o Ministério da Saúde retome "de imediato" as negociações com os médicos.
Num comunicado enviado às redações, a FNAM sugere que tal como o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, adiou a dissolução "para que o país não fique sem Orçamento de Estado", também o ministério de Manuel Pizarro deve adotar "a mesma preocupação para que não fiquemos sem Serviço Nacional de Saúde (SNS)".
"O Ministério da Saúde cancelou o processo negocial a pretexto da crise política, mas a verdade é que continua em plenitude de funções, a ser responsável pelo estado do SNS e pelas respostas que comecem a resolver os problemas que nos conduziram aqui", pode ler-se.
"Assim sendo, o Ministério da Saúde deve retomar de imediato as negociações, de forma séria, na forma e no conteúdo, e incorporar, de uma vez por todas, as propostas dos médicos para salvar a carreira e o SNS", reivindica a FNAM, esclarecendo que vai proceder a um pedido de audiência "urgente" à Comissão Parlamentar da Saúde.
No mesmo comunicado, a federação dos médicos considera ainda que "o Ministério da Saúde deveria enviar um sinal de decência democrática e revogar os decretos-lei relativos às Unidades de Saúde Familiar e Dedicação Plena, que publicou no dia em que se demitiu".
A nova situação política não altera a gravidade da situação na Saúde pelo que confirmamos
A organização sindical, presidida por Joana Bordado e Sá, defende que "o SNS não pode esperar mais" e apela à participação na greve nacional dos dias 14 e 15 de novembro e às manifestações em Lisboa, Porto e Coimbra. Na mesma semana, a FNAM vai viajar até Bruxelas para reunir com os eurodeputados e a Comissária da Saúde, Stella Kyriakides, "de forma a apresentar um retrato da situação dramática que se vive na Saúde em Portugal".
De norte a sul do país, vários hospitais estão a enfrentar constrangimentos e encerramentos temporários de serviços devido à dificuldade de as administrações completarem as escalas de médicos. Em causa está a recusa de mais de 2500 médicos em fazerem mais do que as 150 horas extraordinárias anuais a que estão obrigados.
Esta crise na Saúde já levou o diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde, Fernando Araújo, a admitir que novembro poderá ser dramático no SNS, caso o Governo e os sindicatos médicos não consigam chegar a um entendimento.