SNS24 não atende um quarto das chamadas em dia de pico. Médicos esperam horas a fio por apoio
Na segunda-feira, 3569 chamadas recebidas pela linha SNS24, de um total de 13.532, foram desligadas ao fim de 15 segundos. Já a Linha de Apoio ao Médico tem mesmo deixado os clínicos à espera durante horas a fio.
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A linha SNS24 recebeu o número mais alto de chamadas esta segunda-feira, quando os primeiros dois casos de Covid-19 em território nacional foram confirmados. No entanto, a linha de apoio, composta por enfermeiros, não conseguiu dar resposta a um quarto das chamadas telefónicas.
O jornal Público assinala que, de acordo com o Portal da Transparência do Serviço Nacional de Saúde , na segunda-feira, 3569 chamadas, de um total de 13.532, foram desligadas ao fim de 15 segundos. Tal significa que as pessoas desistiram de esperar para serem atendidas.
Já a Linha de Apoio ao Médico (LAM) tem mesmo deixado os clínicos à espera durante horas a fio. Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, conta ao Público que tem recebido muitos e-mails de médicos que aguardam o apoio telefónico durante horas e outros ligam para a linha que lhes é destinada "dezenas de vezes", sem sucesso.
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O relato do jornal Expresso destaca mesmo que uma médica procurou auxílio através da linha de apoio para tomar decisões quanto a uma família que apresentava sintomas suspeitos e que tinha sido encaminhada para a unidade de saúde de Odivelas com "uma carta a pedir o isolamento em casa durante 14 dias porque a linha SNS24 não tinha validado os seus casos".
A profissional de saúde iniciou as tentativas de contacto às 11h55, e apenas foi atendida à oitava tentativa, por uma enfermeira, que recolheu os dados dos pacientes e da médica. No entanto, às 15h30, a médica continuava sem respostas, a não ser a indicação de que a enfermeira enviaria um e-mail ao médico responsável. Depois de insistir com pedidos de esclarecimento ao telefone 28 vezes, os utentes cansaram-se de esperar e foram para casa. Eram então 16h00.
No dia seguinte, a médica persistiu no pedido de ajuda, mas, do outro lado da linha, apenas surgiram novas solicitações de dados. Na quarta-feira, depois de 44 tentativas de contacto, ainda não havia qualquer resposta da linha, criada há semanas para apoiar estes profissionais.
A Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, que gere a linha SNS24, assevera que mais de 90% das chamadas são atendidas em menos de 20 segundos, apesar de admitir haver períodos durante o dia em que a afluência aumenta e o tempo de espera acompanha esse aumento. A SPMS também esclarece que no dia 2 de março (segunda-feira) a linha SNS24 teve mais procura.