Representante dos moradores garante que o confinamento está a ser respeitado pelos moradores do bairro.
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A associação de moradores de Vale de Chícharos, no Seixal, defende que o Bairro da Jamaica deve ser fechado, permitindo apenas a entrada e saída a moradores, de forma a conter o surto de Covid-19 que surgiu no local.
À TSF, o presidente da associação, Salimo Mendes, assume-se preocupado e, embora reconheça que a Covid-19 "existe em toda a parte", responsabiliza as pessoas de outros concelhos, que visitam o bairro, pela situação.
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"Estamos a seguir todas as normas aqui, estamos com os nossos filhos dentro de casa e quem trabalha vai e volta para casa", garante.
"As pessoas que não moram aqui no bairro é que se aglomeram nos cafés", denuncia o presidente da associação. "Que entre e saia só quem mora aqui", defende.
Há pelo menos 16 casos de infeção com Covid-19 identificados no Bairro da Jamaica. Esta terça-feira, a diretora-geral da Saúde confirmou que este é um dos três focos da doença na margem sul do Tejo.
O município do Seixal, liderado por Joaquim Santos (PCP) indicou na terça-feira que o foco de Covid-19 em Vale de Chícharos teve origem "numa festa na Aroeira (Almada) em que participaram vários jovens de diversos concelhos da Área Metropolitana de Lisboa (AML)", entre 1 e 3 de maio.
Além disso, na nota divulgada, a autarquia lamentou ter conhecimento da realidade do concelho através da comunicação social, pedindo "mais informação e coordenação" ao Governo.
"Lamentamos que essa informação não tenha sido facultada ao município e às instituições que estão na linha da frente e que depois seja conhecida através da comunicação social. Não nos parece que esta seja a melhor forma de combatermos esta pandemia", frisou.
Por este motivo, a autarquia já solicitou com urgência uma reunião à ministra da Saúde, Marta Temido, e à Unidade de Saúde Pública, de forma a "tomar todas as medidas necessárias para proteger e apoiar a população".
Já a presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros (PS), informou através da sua página no Facebook que nenhum dos três focos comunitários mencionados se situa no concelho.
"Almada integra o Agrupamento de Centros de Saúde Almada-Seixal mas não se regista, até ao momento, nenhum surto preocupante no concelho", escreveu.
Atualmente ainda residem 74 famílias em condições precárias nos edifícios inacabados de Vale de Chícharos (lotes 13, 14 e 15), as quais aguardam pela segunda fase de realojamentos, que deveria ter acontecido até dezembro do ano passado.
A 17 de fevereiro, a Câmara do Seixal informou que o processo se encontrava atrasado devido à especulação imobiliária, apelando ao Governo para reduzir o "grande diferencial" de comparticipação nos realojamentos.
A primeira fase terminou em 20 de dezembro de 2018, quando 187 pessoas foram distribuídas por 64 habitações em várias zonas do concelho.
O acordo para a resolução da situação de carência habitacional neste bairro foi assinado em 22 de dezembro de 2017, numa parceria entre a Câmara do Seixal, o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana e a Santa Casa da Misericórdia do Seixal.
No total, a cooperação visa o realojamento de 234 famílias e tem um investimento total na ordem dos 15 milhões de euros, dos quais 8,3 milhões são suportados pelo município.