Sociedade portuguesa de pneumologia apela a rastreio nacional ao cancro do pulmão
O cancro do pulmão é o tumor que mais mata e o terceiro com mais incidência em Portugal.
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A sociedade portuguesa de pneumologia (SPP) apela à criação de um rastreio nacional ao cancro do pulmão, que evoluiu muito nos últimos anos.
Segundo Gabriela Fernandes, pneumologista no Centro Hospitalar Universitário de São João, os rastreios são feitos com tomografia computadorizada (TAC) de baixa dose em pessoas de risco, sobretudo fumadores, e demonstram diminuir em 20% a mortalidade por cancro do pulmão. Além disso, permitem "a deteção do cancro do pulmão em fases mais precoces em que o tratamento curativo é possível".
Com este rastreio existe também um impacto positivo para os doentes no que toca a melhores resultados, com "maior sobrevivência e melhoria na qualidade de vida, poupando recursos de tratamentos mais avançados extremamente dispendiosos".
Em declarações à TSF, a pneumologista Gabriela Fernandes alerta que, para além da estratégia de detenção, tem de existir "um conjunto de estruturas que permitam dar resposta aos casos detetados, sendo que os casos falsamente positivos vão ser muitos".
Como primeiro passo da SPP, Gabriela Fernandes considera que é preciso "avaliar um projeto de implementação do cancro do pulmão" e estudar o impacto financeiro de um rastreio de abrangência nacional.
A medida mais significativa na prevenção é a redução do tabaco, já que é o maior fator de risco, representando 85% dos diagnósticos. No entanto, o envelhecimento, a poluição, nutrição e fatores genéticos são também fatores associados ao cancro do pulmão.
Segundo dados de 2020 do Observatório Global do Cancro (GLOBOCAN), registaram-se nesse ano 5400 casos de cancro do pulmão, sendo este o tumor que mais mata e o terceiro com mais incidência tanto nos homens como nas mulheres em Portugal.
Em comunicado, a SPP nota que, nos últimos anos, os avanços no diagnóstico e na terapêutica permitem agora mais tempo sem progressão da doença, maior sobrevivência, com preservação e melhoria da qualidade de vida dos pacientes, pois estes "têm acesso a terapêuticas personalizadas, baseadas no perfil genómico do tumor e nas características anátomo-patológicas, que se associam a maior eficácia dos tratamentos".
A imunoterapia é também apontada pelos médicos como um "pilar atual do tratamento, utilizando fármacos que estimulam o sistema imunitário para reconhecer e destruir as células tumorais e com respostas muito sustentadas no tempo".