No debate desta segunda-feira contra Jerónimo de Sousa, José Sócrates defendeu que quem conquista o maior número de votos é que deve liderar o governo.
Corpo do artigo
Quando questionado sobre a possibilidade de, vencendo o PS as eleições sem maioria, o Presidente da República optar por entregar a governação ao PSD e ao CDS-PP, José Sócrates respondeu: «Não está nas competências do Presidente tomar essa decisão à cabeça, pode tomá-la mais tarde».
O secretário-geral socialista não aceita a possibilidade de PSD e CDS-PP formarem governo se o PS ganhar as eleições, porque a tradição na «vida política» portuguesa dita que «quem ganha as eleições e quem vai para o Governo».
No debate, que decorreu esta segunda-feira na SIC, Jerónimo de Sousa insistiu na necessidade de renegociar a dívida pública e confessou que prevê que José Sócrates, apesar de não admitir essa renegociação, mais cedo ou mais tarde irá mudar de opinião.
«Ainda havemos de assistir ao candidato Sócrates, seja como deputado ou membro do Governo. a uma posição de necessidade de reestruturação da dívida», afirmou, dando o exemplo da Grécia que já admitiu renegociar os prazos de pagamento.
«O problema não é dizer que não pagamos, mas que qualquer dia não podemos pagar», alertou o secretário-geral do PCP.
Apesar de exigente, o programa de resgate ainda permite margem de manobra, disse ainda José Sócrates, acrescentando que é possível «aplicar este programa sem pôr em causa o modelo social em que temos vivido».
Por seu lado, o comunista disse que o primeiro-ministro tem uma forma esquisita de defender o estado social.
Os dois líderes partidários discordaram em quase tudo, desde o preço dos combustíveis às nacionalizações e às privatizações.
Jerónimo de Sousa afirmou que quando José Sócrates «ouve falar em nacionalizações fica com urticária», mas nacionalizou os «prejuízos» dos Banco Português de Negócios (BPN) e agora prepara-se para privatizar o banco com «milhares de milhões de custos para o povo português».
Sócrates afirmou ainda que o programa eleitoral do PCP já vem das últimas eleições e Jerónimo acusou o programa socialista de ser igual ao do PSD e ao do CDS e imposto por um memorando de entendimento com a "troika" sem tradução oficial para a língua portuguesa.
«Estou convencido que essa tradução existe», comentou o secretário-geral do PS.