Em entrevista à RTP, José Sócrates acusou Cavaco de nunca ter tido interesse em evitar a crise política e ter feito «discurso de oposição ao Governo» na sua posse.
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José Sócrates disse, esta quarta-feira, que não reconhecia a Cavaco Silva «nenhuma autoridade para dar lições de lealdade institucional».
Em entrevista à RTP, este ex-primeiro-ministro acusou o Presidente da República de ser a «mão no arbusto» que provocou a crise política que levou à demissão do Governo PS.
«Se queria evitar uma crise política teve esse tempo todo para o fazer», acrescentou Sócrates, que se mostrou convicto de que Cavaco Silva nunca teve esse interesse.
Na opinião deste ex-primeiro-ministro, Cavaco Silva na sua posse como Presidente da República fez um «discurso de oposição ao Governo».
«A verdade é que o Presidente da República fez tudo para haver uma crise política e foi, digamos assim, a mão escondida atrás dos arbustos da crise política, que foi, de certa forma, despoletada por aquele discurso», acrescentou.
Para Sócrates, com o discurso de posse, Cavaco «colocou-se numa posição de dar um sinal evidente político à oposição que podia, sem a intervenção ao Presidente da República, provo0car essa crise política».
«Vejo muita gente questionar-se porque o Presidente da República não faz nada e porque o Presidente da República não faz nada e a razão é que o Presidente da República esteve na origem desta solução política», explicou.
Sócrates considerou ainda que Cavaco «sempre usou dois pesos e duas medidas para tratar com este e com o anterior Governo» e lembrou que o chefe de Estado «teve conhecimento do PEC ao mesmo tempo que todos os outros portugueses».
Este ex-primeiro-ministro lembrou também que «em 2009, nasceu na Casa Civil do Presidente da República e pela primeira vez na história democrática do nosso país uma conspiração organizada e inventada para deitar abaixo um Governo legítimo em funções».
José Sócrates adiantou que esta conspiração «baseou-se na acusação de que o Governo estaria a espiar a Casa Civil do Presidente da República».
«Nunca tomou nenhuma atitude com esse assessor de imprensa que planeou, concebeu e executou essa operação. Foi promovido na Casa Civil e ainda ocupa funções. A partir desse momento, tirei as minhas conclusões quanto à lealdade do Presidente da República com outros órgãos de soberania», frisou.