"Sucessão normal." Fundador do BE acredita em renovação do partido sem drama e com "solidariedade"
Fernando Rosas defende que num partido de esquerda como o Bloco não devem haver lugares eternos.
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O fundador do Bloco de Esquerda, Fernando Rosas, acredita num processo de renovação do partido sem drama e com união. E respeita a decisão de Catarina Martins.
"Tenho uma grande admiração pelo trabalho que a Catarina prestou ao longo dos dez anos. A coordenação de um partido político é uma coisa muito difícil, muito dura e, por vezes, muito solitária também apesar da solidariedade e do trabalho coletivo. O trabalho de um coordenador é muito duro. É uma sucessão normal, dez anos depois", afirmou à TSF Fernando Rosas.
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Para Fernando Rosas, num partido de esquerda como o Bloco não devem haver lugares eternos.
"As pessoas não podem eternizar-se nos lugares, sobretudo num partido de esquerda como o Bloco. Os lugares devem ser, regularmente, renovados. Tanto o da Catarina como outros. Vai fazer-se sem drama, com normalidade e com um apoio muito amplo dentro do próprio partido, não tenho dúvidas absolutamente nenhumas sobre isso", defendeu o fundador do Bloco de Esquerda.
Quanto a Mariana Mortágua, o nome de que se fala para a coordenação do Bloco de Esquerda, Fernando Rosas considera que é um nome entre outros possíveis.
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"Acho que é um nome possível, mas a convenção é que tem de decidir isso. O partido tem vários nomes que podem assumir a função de coordenação, não vou aqui abrir uma espécie de mercado de nomes. Seja ela ou outro, o partido tem possibilidade. A Mariana, se se confirmar, é um bom nome como outros também serão bons nomes", acrescentou.
Catarina Martins anunciou de que deixará a liderança do partido na convenção nacional de maio. Em conferência de imprensa desta manhã, Catarina Martins manifestou "absoluta tranquilidade" de que há pessoas "com capacidade, força e preparação" para a substituir no cargo, esperando uma convenção com "soluções de unidade no partido".
A ainda líder do BE afirmou que a década durante a qual esteve à frente dos destinos do BE foi de "vitórias e derrotas", explicando que "o que mudou agora" foi "a instabilidade da maioria absoluta" e que a crise "multiplicada dentro do Governo e em choque com a luta popular é o sinal do fim de um ciclo político".
Catarina Martins está à frente dos destinos do partido desde novembro de 2012, na altura em parceria com João Semedo, quando foram eleitos coordenadores do Bloco de Esquerda, então numa inédita liderança "bicéfala", modelo abandonado dois anos depois, na Convenção Nacional seguinte, em 2014.